domingo, 17 de agosto de 2008

A imprensa portuguesa precisa de fact-checkers ou assim como de beldroegas para a sopa de beldroegas

A blogosphera* é uma grande espelunca, certo, onde grassa vil anonimato (hã?) acoplado siamesamente a propósitos difamatórios, e o primado da inimputabilidade do opinado pela sacrossanta subjectividade. Mas nem tudo é execrável. Por exemplo, aparenta ter algumas possibilidades de auto-correcção potencialmente bem mais eficazes que o discurso e opinião instituídos nos media tradicionais (e cujo perfil cada vez menos especializado, ainda que em termos latos, tem vindo a tornar mais confrangedora essa pecha) que, aparentemente pouco ciosos da sua solenidade institucional, pouco se vão protegendo da sua senescência natural (talvez por os seus protagonistas não se virem habituando à mesma, como eu, desde os 13 anitos).

Veja-se: quem (como eu) segue procurando acartar húmus cultural da vaga leitura de jornais (para logo o olvidar), folheando os de há duas semanas ou assim (giro a minha desactualização com quase absoluta precisão), pôde deparar-se com a revelação, nas páginas do Público, do Fred Frith como "ex-membro dos lendários King Crimson" (não trocando, certamente, o Fripp pelo Frith, para não dizer o Robert pelo Fred, para não dizer o ex-membro pelo "o" membro, passado, presente e futuro), pelo que se anseia redescoberta e revelação de gravações secretas dessa união anteriormente inexistente e doravante mítica, por um jornalista/crítico/? que esteve no concerto do aforementioned guitarrista com o John Zorn, ocupando para o triste efeito que se viu um lugar que alguém, por mero exemplo eu, não conseguiu acalentar com as suas afáveis nádegas, à conta de a fixação já em deriva desmiolada no aforementioned John (não desdenhando), da qual o dito artigo se fez bom compagnon de route, ter esgotado o auditório (ainda que pelo menos tal fortuna tenha poupado a minha "fortuna" em 20 euros para um mui aprazivelmente localizado mas nem por isso menos pétreo assento ao ar livre - what's up with the mecenato, Calouste?...).

Pela mesma altura, o mesmo leitor podia ainda mais aturdido encontrar-se com a exposição à descoberta ainda mais inaudita, por Miguel Sousa Tavares, nas páginas do Expresso, da existência de um bravo escritor russo, vítima do estalinismo, de seu nome Ossip Meldeston. No contexto de um original lamento pela indiferença da comunicação social lusa face à morte de Soljenítsin, por sinal o parágrafo de partida de quase todos os outros artigos de opinião que li sobre o facto (não uma amostra representativa nem aleatória, granted), recorrência que aparenta acabar por se envolver numa trágica quezília lógica com o argumento que propulsiona (espécie de suicídio discursivo pré-cognitivo de grupo), bem como poderá dizer mais sobre a percepção dos cronistas do ambiente cultural contra o qual se querem posicionar (ainda que, quem sabe, com alguma razoabilidade) do que providenciar um efectivo retrato desse ambiente; vem pois à baila a revelação Meldeston, com avanço bibliográfico, em português e tudo, de um livro de sua autoria, «Contra Toda a Esperança», deixado por publicar à altura da sua morte.

Observadores presunçosos, com o seu cinismo de algibeira, estarão certamente em pulos para observar que, nem com o buffet gráfico que as traduções nominais do círilico ou lá o que é tendem a oferecer aos palatos vocabulares mais variados, Meldeston aparentará ser uma das declinações assisadas de um tal outro Ossip Mandelstam; bem como que o seu dito livro deixado inédito porta como título uma quase-coincidência suspeita com o do primeiro tomo de memórias, em inglês «Hope Against Hope», não do próprio Mandelstam, mas antes da sua viúva, Nadejda (segundo a grafia do único volume de Mandelstam, Ossip, que me calhou ter lido, em português, cortesia dos quase inevitáveis Guerra, a quem ora brevemente me acoitei para a tarefa sempre ingrata de cover my ass). Já eu, cônscio dos mistériosos maravilhosos que podem a qualquer momento brotar do campo mágico da edição brasileira, fico caladinho, como poderão constatar por este ponto final parágrafo já aqui.

De qualquer forma, o que interessava relevar, considerando a hipótese retórica de MST e o outro tipo terem pisado a poça e em seguida a achado acolhedora, era que tivera sido a ocorrência num bl(og)ue (excepto neste, onde os hipotéticos leitores se devem ficar a escarnecer confortáveis das minhas imbecilidades até que eu detecte as que seja capaz de detectar quando eventualmente faça uma retrospectiva de onanismo fracassado), e regra geral alguém enviaria, alternadamente, um espalhafatoso comentário para ruir a tribuna alheia, ou um discreto mail num discurso de pinças para não ofender a calinada alheia a bem das próprias mas suscitando invariavelmente resposta lacónica equivalente a um levantar de sobrancelhas como sinal de efusivo reconhecimento ao cruzar um conhecido pela rua, assim possibilitando a errata atempada in loco, antes da sua potencial apropriação acéfala em massa, propriedade certamente também bem documentada of all things Internet.

Mas como, felizmente, pela absolutização das aforementioned razões infelizes da blogosphera, o MST (o verdadeiro - oh, ilusão moderna... - não o - diz o verdadeiro - identity-thief) não lê bl(og)ues, nem as colunas d'"o Público errou" ficam para a história dos recortes de imprensa, nem o tempo dos jornais volta para trás, Meldeston poderá ir fazendo carreira (ironicamente) pela replicação internética, com selo de qualidade jornalística, do artigo de MST, e a organização do que se borra nas rotativas portuguesas continuará a poupar uns tustos nas folhas de pessoal, pelo que ficamos por aqui, como poderão constatar pelo ponto mesmo final que se segue.

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Férias são para fracos (ou, vá lá, pessoas com, tipo, empregos)

Felizmente estou cá eu, do alto da minha inimputabilidade, para tomar conta e finalmente soltar as rédeas narrativas da minha vida fulgurante e criatividade febril. Vou escrever um póste este mês, portanto, facto do qual certamente ainda se não haviam compenetrado antes de vos alertar para a garganta rochosa que vos encara mal-encarada em frente. Tudo bem, darem o meu nome (qualquer um deles) à vossa genitura futura será agradecimento mais que suficiente.
Uau, já tinha esquecido como este espaço é deprimente (como é que vocês hipotéticos conseguem estar aqui?). Odiar as massas em odiosos concertos de massas deve ser mesmo óptimo até para a relutância de uma vida social. Pois é, a percepção de urgência tem destas coisas, e tenho efectivamente prosseguido na minha mais alarve temporada de concertos ever.
On a related story, a qualidade do atum em lata no Minipreço desceu descaradamente de uns nacos condignos (embora nunca tenha estado no escalão superior de integridade de um atum em posta Tenório), para uma gosma espapaçada, que imagino devem amortizar no processo de comercializar o mesmo produto igualmente sob a capa de patê. Esta estratégia de downgrading da qualidade dos produtos irrita-me sobremaneira: já não é amortização suficiente para o low cost ter de ser eu a conduzir um porta-cargas nos armazéns dos supermercados para desencaixotar um pacote de bolachas para o poder comprar a menos de 69 cêntimos?
(are you gone yet?)

Enfim, estava fisgado em conseguir a trifecta do Rushmore (monte, não filme) musical que posou para a posteridade de umas quantas memorialísticas subjectivas à beira Tejo este ano (e gostaria de aproveitar este momento para expressar todo o meu despeito bilioso para com quem foi ver o Waits abroad). Falhei miseravelmente. Quer dizer, é verdade que o Dylan me relembrou o quanto odeio concertos de massas em plano horizontal, mas ainda assim tenho pena de não ter podido ver o Young, que naturalmente toda a gente tinha de laudar como super-hiper bestial. O que haverá na minha ausência para sistematicamente trazer ao de cima o melhor deste pessoal? Ainda assim, e para ressabiado me vingar com o auxílio do destino no seu sistema de micro-compensações algo cretino mas que já não estou em condições de desdenhar, consegui à última da hora sacar um bilhete (sem violência, uma novidade) a uma cidadã senior (que parecem gostar de forma ambígua quase tanto dele como de mim) à porta da esgotada ZDB para rever o Bonnie chaval, que é confirmadamente daquela mirradíssima colheita de gente que no palco é que ascende com as suas canções aos múltiplos planos das suas últimas potências. A sério, a ter de escolher nos orçamentos domésticos, é mesmo de pôr as aparições públicas do homem acima da compra dos discos (não desdenhando). Mesmo que oposto à fenomenal presença solitária no Maxime o ano passado(?não me apetece confirmar), desta feita com banda (muito bem) recheada (aquele Emmet Kelly é um ardilosíssimo guitarrista, caramba), mesmo a dar um concerto metade baile redneck, que me fez lamentar amargamente por uma vez ter deixado as socas em casa, o esplêndido fauno (ainda que cada vez menos) depravado agigantou-se de uma forma que as suas xanatas e calças arregaçadas pelo joelho nunca permitiriam antecipar (I'm oddly prejudiced), felizmente ainda com espaço para coisas como pôr The Seedling a chispar nas guitarras até transformar a sala numa fundição incandescente (ou talvez fosse o calor de uma concentração humana insalubre; é capaz de ser também uma teoria concebível...). E pelo menos enquanto mantiver no repertório coisas como «I'll hold his arms, you fuck him / Fuck him with something / The fuck - he deserves it», garantirá continuamente um valor seguro de entretenimento familiar.

Também fui ao Callahan, é verdade, até tinha um póste escrito há decénios, mas fiquei com receio dos seus potenciais efeitos secundários e não publiquei (acontece muito; este bl(og)ue gets all its action backstage - controlem-se). Não por causa do Callahan, bem entendido, que qual Ian Curtis autista em lugar de epiléptico (aquela marcha marcial sem sair do lugar foi para mim o tira-teimas da comparação) explanou brutalmente a plasticidade arrepiante do laconismo original das canções, pulando com toda a naturalidade impávida deste mundo (garanto que o homem vai chegar aos 90 sem uma ruga - there's your secret, chicks; no emotions hanging out, now) do rock quase doentio quase liceal à disco-folk, da apalachiana salvífica a uma motorika niilista. Aliás, para além disso, só o, depois de começando com os National (National aside), me vir sentindo algo pêga de unanimidade alarve (they do say it can rightfully happen...), fez desta venue íntima de uma dúzia de frozen in time teenage spaceships, onde até se pôde encontrar (oh relíquia perdida) folhas de caderno arrancadas com pedidos de canções escritos encostadas ao suporte do microfone (e serem atendidos pelo man), um mui grato bálsamo. Os efeitos secundários tinham portanto a ver com a parte do texto que vocês não vão ler (francamente, esse expiro de alívio já está muito batido, crianças...).

A propósito, este foi dos textos com que mais me identifiquei nos últimos tempos, mesmo se na minha formulação imagética da queixa se descambaria provavelmente do lamento civilizado para um cenário envolvendo uma motosserra, espirros de sangue a cobrir as paredes da Aula Magna (ou qualquer outra sala de espectáculos ou de cinema, for that matter) e o meu riso histérico a silenciar em espontaneidade descontrolada a diligência palerma da generalidade das gargalhadinhas ao redor.

E não, não estou a evitar o subject Dylan. Para um archeopterix regressado à vida engasgado com o carbono 14, soou damn good, se querem saber. Isto de ver lendas fumadas é quase sempre complicado. Para o caso, com as canções dissolvidas no mantra, bem esgalhado, sim, duma espécie de raga blues-rock em contínuo, e as palavras expelidas com a dicção e constância rítmica de uma trituradora ruminante, acaba-se a empregar o ouvido numa espécie de terapia de substituição a tentar encaixar os versos e acordes firmados na memória no tapete harmónico rolante que o homem ia bombeando constante no teclado, exercício mental que muitas vezes tinha inevitavelmente a mesma eficácia metódica que encaixar peças de um puzzle ao murro. Não é de admirar que, para patêgo a querer admirar uma vaca sagrada quando só consegue ver à frente o bitoque, o bufar na harmónica fosse a única saliência simbólica para suscitar a manifestação de euforia automatista partilhada que parece justificar ao sentido cénico de integração e catarse do pessoal o andar a esfregar-se nos corpos marinados em excrecções de estranhos indesejáveis ao ar livre. Ah, mas o ticket final da Ballad of a Thin Man (principalmente esta) e Like a Rolling Stone... ah, mordam-se (não, a sério, mordam-se, façam-me render o bilhete pá, que a organização ordenhou o homem de tal maneira para vender os bilhetes, que o que ouvi à distância do cartaz desse dia não cobria nem o standard do Festival de Música Moderna da Chamusca)...

Não, a sério Bob, por mim, com as maravilhas da mistura, até podes continuar a prodigalizar discos, que até têm andado com um rácio de matéria memorável algo superior ao de décadas passadas ou pelo menos com um molde de chapa três bem mais aprazível (às vezes engana...), como podes continuar a rebitar a narrativa retrospectiva (that helps) profética de ti mesmo. Mas perderes esse precioso tempo com mais concertos, a menos que te faça muito bem, pá, tenho dúvidas...

Tough love, eu sei; mas em tempos em que a maturidade melómana parece andar a ser medida pelo resgate do génio escondido nas (aparentes, claro, o que as torna mais geniais) secas em série que o homem expurgou às pazadas desde 1970's, apesar de até o próprio ter transformado larga parte do seu dito primeiro opus autobiográfico numa inacreditavelmente descabelada de minuciosa analepse para ancorar e ratificar biograficamente pós-acto uma narrativa crítica já largamente sedimentada sobre os seus desmandos para melhor segmentar e preservar a parte da glória radiante, parece-me imperativo não usar de meias-medidas na identificação da polimórfica volumetria de detritos com que alegremente ludibriou por décadas a sagração mecanicista adquirida, para logo agora a ver ressurgir em delírios omnívoros. Não digo que não venha a torrar mais umas horas de vida a procurar mais qualidades redentoras em, sei lá, o Street Legal (para lá da tentada constância de profetismo e protuberante misoginia), para até nos quedarmos em terreno com um niquinho de risco e nem ir ao mais iminentemente caricaturável (digo...). Só não garanto que alguma vez o venha a fazer sem o ocasional ranger de dentes, nem que o facto de encontrar em vários dos discos mais penosos uma, só uma, mas decididamente uma, estupenda canção, não seja mais que uma coincidência, mas uma das encarnações agónicas do riso escancarado e auto-irrisório do jogral na nossa/sua cara de parvo/pau (dualismo intermutável). Imagino que, para o jogo manter algum sentido e guardar um mínimo de discernimento discriminatório, será mais conveniente não embasbacar, mas rir de volta.

Bom, e agora que já garantidamente ninguém está a ler, querido diário, enfim, é verdade, houve o Cohen.

Ah, mas tu estavas lá...

Vá, pronto, eu conto outra vez. É verdade que nem que tivesse sido há duas décadas, provavelmente não anteciparia pela história registada algo diferente de uma produção de muzak em formol com toda a corrosão depositada no fundo do frasco a ameaçar silente as fundações. Hoje, então, que mais haveria a depositar no palco de comércio de emoções que uma troca de amenidades, uns fundos de reforma para ali, uma aspersão colectiva de amabilidades para contentamento beato do livro de recortes "eu vi o gajo" para aqui? Mas caramba, o Cohen descarnado foi um breve cometa ao negro, e a patine em que se foi deixando cobrir constituiu há muito precisamente a natureza do desafio a quem se quedou em apneia no fundo do frasco (e da razia irónica a quem começou por (ou escolheu) banhar-se na superfície - única explicação para gente boa não gostar do Cohen, e gente má sim (eh pá, isto dos dualismos é mesmo porreiro)), de seguir assinalando as idades de Cohen no nosso calendário. É a velha história: é de supor que quando se dedica a parte sensível da vida a esgravatar na espessura dolorosa da consciência humana virtualmente todos os espectros e lacerações da inadequação da experiência e suas traduções metafísicas face a todas as teleologias da existência, para tentar confirmar a validade da persistência em qualquer forma de continuidade, chega um momento em que se impõe a questão de querer sobreviver, ou para quem se deseje darwinista, de se ser capaz de sobreviver. Em certa medida, aquilo que a presença do homem encarnou surpreendentemente foi uma forma de glorificação assumida da opção pelos dias de amanhã. E, francamente, se não seria necessariamente por esse Cohen que eu porfiria primordialmente em ter corpo para ainda e mais de si ressentir os ecos, não seria também eu a ousar julgá-lo pela sobrevida que decidiu conceder-se. Ainda assim, por entre os trappings de cavalheiresco entertainer que pululavam naquele palco numa apoteose de mesura que, naturalmente, só podemos (ouviram?!) interpretar como um adoravelmente malicioso they're to blame for the kitsch recorrentemente dirigido à banda e à menina Robinson (as duas manas sublimes estão perdoadas por conseguirem dar continuidade ao If It Be Your Will), o facto é que algo também persistia a escavar quem olhasse para baixo dos braços salivarmente ovacionais. É que não é impunemente que damos o braço à impossível marcha solidária com a solitária despedida espectral de cada corpo para um ponto de interrogação inapelável em Who By Fire; ou contemporizamos cumplicemente com o resgatar do Hallelujah do caixão perfumado do Buckley júnior. Ainda tremi de antecipação da avalanche que chegou a soterrar algumas audiências (pulhas) nesta ronda de despedida, mas esse escalpelo acariciou-o ele num breve rumor e deixou-o a refulgir no bolso interior do casaco enquanto palpávamos temerosos o ventre por baixo da camisa em busca do relevo da laceração. Contudo, de resto, o pequeno facto é que, da pequena euforia agonizante que a companhia de 10000 energúmenos (é uma questão de agregação, não de classificação individual, não levem a mal; a dar-se o caso, eu também fui logicamente o vosso energúmeno, para lá da redundância de já o ser também individualmente a tempo inteiro) não sucedeu em me abafar, ao passar dias a fio sem conseguir casualmente pôr um disco a tocar que não se me projectasse agressivamente como aflitivamente fútil, não posso senão reconhecer que, pelas vias misteriosas que também estão na justa medida da queda e do credo, este Cohen foi bem um avatar amável do si mesmo que um dia se deixou repousar numa colina nevada, e também por isso, para lá do homem cumprido no gelo, lhe sou hoje bem devedor.

On a related matter, alguém (rethorical person) está a par do raio ou direccionalidade de explosão de um micro-ondas? Aquela merda está a relampejar, e estando manutenção fora de questão dava jeito saber se basta usá-lo agachado para evitar danos corporais de maior ou se tenho de voltar a esfregar pauzinhos para aquecer o leite.