Bargain Freak 2
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(I'd do it all over again but I'd rather not)
Bargain Freak 2
Etiquetas: à bolina, grafonola e ecos
Abro o coiso da Internet, que tem como página de entrada o portal do Sapo, e assalta-me os olhos uma dessas cretinas votações electrónicas, epítomes do estéril fetichismo quantitativista hodierno a multiplicarem-se acefalamente bunny-like, onde se perguntava «Quem foi Zeca Afonso? - Um músico/Um jogador de futebol/Um político».
Perturba descobrir a fonte da lata maioria de toda a música "popular" (não só "tradicional") relevante deste burgo sob procedimentos de devir memória historificada, como perturba constatar-se contemporâneo de uma geração para quem falar de Zeca Afonso pode ter ter tanta ressonância imediata como falar de Luis António Verney (ainda que isso pudesse ser condição para a geração anterior mais facilmente se aproximar, sem pruridos socio-políticos ingénuos, da sua inigualável arte musical).
É sempre de esperar que uma nublada madrugada deparemos com o país que presumíamos habitar já trancado no armário das antiguidades, e passemos, emudecidos através das suas portadas de vidro, a demorar o olhar, como que já ausente, nos passos alienígenas que calcorream a mais resiliente arquitectura dos espaços familiares. Mas cada marcador (por imbecil que seja para as próprias condições da sua produção - a única coisa que semelhante inquérito medirá são quantos dos seus mentecaptos respondentes não se deram ao trabalho de pesquisar até no próprio portal a resposta mas quiseram dá-la na mesma, certamente em nome da validação científica internalista da coisa) de como o tempo não carregou o que juraríamos de necessidade ampla e viva em cada boca estar assegurado, é sempre demasiado abrupto.
Etiquetas: à boleia, grafonola e ecos
Etiquetas: grafonola e ecos
Etiquetas: grafonola e ecos
O Rogério Casanova é daquelas simpáticas e insuportáveis criaturas que, para inveja do vulgo (vulgo, eu), se sabem cultivar, retirando mais proveito intelectual de ler o Pynchon (e que o fazem, no caso de «Against the Day», em menos tempo que os dois anos e 9 meses recomendados pela OMS da legitimação do meu cérebro ao rallenti) que de tragar a Encyclopaedia Britannica (embora tais actividades possam ter que ser concomitantes), e espraiar os end results com graça e engenho naturais (ao nível perceptivo, não causalista, claro) na sua escrita; já fez pelo menos duas (por definição) mais que louváveis referências à inestimável obra dos arqueiros P&P; nutre misheard lyrics pelos Pixies; e entre outras qualidades, a mais relevante é, obviamente, que, não fora a peste do meu (mesmo que mísero) logos internalizado, já teria feito mais pela minha auto-estima que o desvelo de inúmeros familiares nos meus anos formativos, ouvidos no meu leito através das não tão retentivas paredes que ilusoriamente, para o efeito, o destacavam da sala, onde repetiam amorosamente «não é assim tão hediondo» e «já vi mais estúpido», e que ainda hoje me recebem, invariavelmente, de braços abertos e um «estás mais gordo» nos lábios. Só por isso (e porque tem graça, vá, sim), engajo mais um patético (e vagamente aldrabão, ainda que com bases de justificação hermenêutica on the side) esforço para a colecção. Bem haja.
«Comenzamos esta nueva parte con Tristezas de un Doble A, que és una homenaje al bandoneón.
Ayer(?) me preguntaran que quiere decir Doble A: es la marca de fabricación alemana Alfred Arnold, doble A. No es triple A, logico(?)»
Teatro Roxy de Mar del Plata, Fevereiro de 1984.
(para minha auto-imprecação, há dois termos que o deleitoso sotaque argentino, ironicamente, me sonega à inteira compreensão. Mas, fazendo do título programa, para o sentido, esta transcrição basta)
Etiquetas: grafonola e ecos
Se eu fosse cinéfilo, ficaria extremamente ofendido, enquanto cinéfilo, de alguém como eu (I just like to see the pretty pictures go by...) ser mencionado cinéfilo (snooty self-loathing enough?...). Anyhoooo(?), como continuo a não ser bicho para desdenhar qualquer vestígio do que possa interpretar lisonjeiro (com amplificação de lupa barthesiana sempre em pré-aviso em caso de necessidade), cumpro esquálida e arrevesadamente a incumbência para não desmerecer tanto das alvíssaras (deixem-me). Arrevesadamente cumpro, digo, porque o título vai em svenska e o acrónimo em albionês (word games just aren't my game, aliás, como tudo o que requeira exercitação intelectual... ou outra, for that matter), foi para o que deu a coisa no crânio (hum):
Take your saintly torn name and dwell endlessly nameless.
Isto, naturalmente, não é uma incumbência, e se porventura, em novo esforço (e cárcere linguístico) barthesiano, soar potencialmente irónico neste rendilhado nominalista, a culpa, obviamente, é da garganta metafísica (havia de servir para alguma coisa), não minha (credo, o que é isto?).
(e o sistema de romanização Hepburn é um achado)
Etiquetas: interblogging... such a sad ménage