sexta-feira, 14 de novembro de 2008

Bitch House

Isto não é, evidentemente, nenhuma sugestão para que vão ver (nem para que não vão ver) os Beach House ao cabaret Maxime (got it?, hã?, hã?, casa de putas, hã?) (mau gosto o tanas), quanto mais não fosse, porque no que toca à relação dos homens (e das mulheres, note-se) com pitas chanteuses (algo diverso de chanteuses pitas, mas não me peçam agora, ou vez alguma, considerações sobre a matéria, ou qualquer outra), como mais irredutível e persistente forma de embrulho mercantil de bens melódicos na história da música popular, qualquer pretensão de produzir juízo estético é perfeitamente extemporânea (o que não equivale a dizer que todas as pitas chanteuses se equivalem).
Serve pois este meu aceno vago na vossa direcção, em jeito de Rainha Isabel (convinha que fizessem o jeito de visualizar mesmo o gesto distintivo da senhora, quanto mais não fosse por deferência para com o facto de eu não conseguir parar de o replicar em frente ao ecrã, idealmente como que para me imbuir das palavras para sua tradução iconográfica (didn't work), mas efectivamente apenas tendo tido o efeito indicativo de que qualquer regramento dos jogos de associações em mim se desvaneceu, ao ver-me retirar do meu auto-sugestionamento gesticulo-vocabular após abanar as bochechas em trejeito de sacudir o torpor (também fiz agora mesmo este gesto, sou tão adorável, que pena não o poderem ver) apenas a intuição fulgurante de que as cobras capelo só não esburacam impiedosamente os seus domadores por ficarem fascinadas (um fascínio de evidente condescendência e presunção de hipcefalia feita), não pelos seus gestos hipnóticos, mas com a magnitude do convicto patético que neles investem de invulnerabilidade simbólica as criaturas demasiadamente elimináveis em face) enquanto a descendência enceta novas divisões do palácio para esconder esqueletos, apenas como manifesto de que só the dumbest (e como tal indesperdiçável) and innocently tasteless not-even-pun me poderia fazer reincidir num simulacro de vida pública, o que é bem indicativo da distopia que seria a esfera pública habermasiana com a minha agenda de interesses.
Confirma-se, portanto, o silêncio como a minha residual expressão de responsabilidade cidadã. Deus, ou o at long last nosso negro in chief em seu lugar, sabe quanto a vida política anda precisada de mais como eu: é tanto mais uma função da democracia dar voz aos cidadãos, quanto eles fechem a matraca até terem algo para dizer.