segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

Holy shit

Serenity now

Certamente, já escreveria Santo Agostinho, não haverá melhor exemplo de escrever certo por linhas tortas quanto a profana vulgata cultural das celebrações natalícias, que a contrário de um conforto ritual ortodoxo, reprodutor de crenças monolíticas, que se tivesse criado e mantido ao abrigo de um mundo que nem a mais beatífica metafísica concede ser composto inteira e conjugadamente de mar e rosas, lhes estruma abundantemente terreno para testar a têmpera. Pela minha parte, consegui chegar até hoje sem incorrer em homicídio a cada montra de pastelaria de onde as únicas azevias dignas do nome (num mundo decente qualificá-las de grão seria boçalmente pleonástico) vêem o seu espaço açambarcado por abominações gastronómicas grávidas de recheios repulsivos de batata doce, gila, este ano até maçã, com notas de enxofre. Segundo o Novo Testamento, se não roubar mais nenhuma velha, acho que já ganhei o Reino dos Céus. Segundo o Velho Testamento, provavelmente deveria ter decepado uns quantos prepúcios incréus pelo caminho para aprenderem a lição, mas a eternidade não é tudo.