segunda-feira, 10 de junho de 2024

We have no more beginnings: Democracia iliberal

Irei e resgatarei os corpos dos mortos, pela persuasão da palavra. Se não, pela força da lança será então, e nunca com impedimento dos deuses. Mas é necessário também que toda a cidade o aprove. E aprovará, pois é a minha vontade. Ora se a palavra conceder ao povo, tê-lo-ei mais bem disposto.

Eurípides, As Suplicantes (trad. José Ribeiro Ferreira)

terça-feira, 4 de junho de 2024

domingo, 19 de maio de 2024

sexta-feira, 17 de maio de 2024

domingo, 12 de maio de 2024

We have no more beginnings: That joke isn't funny anymore

Parecia que naqueles seis meses se reuniram de uma vez e o atacaram todos os tormentos e suplícios do amor, dos quais tão habilmente se protegera nas suas relações com mulheres.
Sentia que nem o seu organismo robusto suportaria, se aquela tensão da mente, da vontade, dos nervos se prolongasse por mais um mês. Compreendia, coisa que até então lhe escapara, como se gastam as energias naquelas invisíveis lutas da alma com a paixão, como surgem no coração aquelas feridas sem sangue, as que provocam gemidos, e como a própria vida se esvai.
Escapava-se-lhe a arrogante confiança nas suas forças; já não gracejava com leviandade, ao ouvir os relatos de como alguns perdem a razão, definham por várias causas, entre outras... também o amor.

Ivan Gontcharov, Oblomov (trad. António Pescada)

sábado, 11 de maio de 2024

quinta-feira, 9 de maio de 2024

domingo, 24 de março de 2024

terça-feira, 27 de fevereiro de 2024

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

We have no more beginnings (especial eleições): 'Vai prá tua terra'

Ó filhos da terra, que Ares outrora semeou depois de os arrancar à goela ávida do dragão, porque é que não ergueis os bastões, suporte da vossa mão direita, e ensanguentais a ímpia cabeça deste homem, que, não sendo Cadmeu, mas um vil estrangeiro, governa a nossa terra? Mas não será impunemente que um dia tentarás exercer sobre nós o teu poder; não hás-de assenhorear-te dos bens que me custaram tanto trabalho e fadiga. Regressa ao local donde vieste e expande aí a tua insolência.

Eurípides, Héracles (trad. Carlos Ferreira Santos)

terça-feira, 28 de novembro de 2023

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

We have no more beginnings: Die Traumdeutung

A pessoa que sonha vendo a vulva, feurdj, de uma mulher, saberá que, se cair em dificuldades, Deus o livrará; se cair em perplexidade, logo sairá dela; e finalmente, se cair na miséria, logo se tornará rico, porque feurdj, mudando-se as vogais, significa a libertação das garras do mal. Por analogia, se desejar uma coisa, a obterá; se tiver débitos, serão pagos.
É considerado do melhor augúrio o sonho com a vulva aberta. Mas se a vulva vista em sonhos pertence a uma virgem jovem, isto significa que a porta da consolação permanecerá fechada, e a coisa desejada não é alcançável. Está provado que o homem que vê em sonhos a vulva de uma virgem nunca tocada, certamente se meterá em dificuldades, e não terá sorte a resolver os seus negócios. Mas se a vulva está aberta, de modo que ele possa olhar bem para o seu interior, ou mesmo estando oculta mas livre à penetração, ele terá sucesso nas mais difíceis tarefas, após já haver falhado nelas, e isto dentro de pouco tempo, com a ajuda de uma pessoa na qual jamais pensara.
Aquele que vê em sonhos um homem ocupado com uma jovem e que, ao sair o homem, consegue ver nesse momento a vulva da jovem, levará os seus negócios a um final feliz, depois de já haver falhado a primeira vez, com a ajuda do homem que viu no sonho. Se é ele próprio quem está com a jovem, e vê a sua vulva, conseguirá, com os seus esforços, compreender os mais difíceis problemas, e será bem-sucedido em todos os aspetos. Falando de uma forma geral, a visão de vulvas em sonhos é um bom sinal; da mesma forma, é de bom augúrio sonhar com o coito, e aquele que se vê a si próprio no ato, acabando com a ejaculação, terá sucesso nos seus negócios. Não se dá o mesmo, porém, com o homem que apenas começa o coito e não o conclui. Este, pelo contrário, será infeliz em todas as empresas. (...)
A janela (taga) e o sapato (medassa) lembram mulheres. A vulva, na verdade, assemelha-se, quando invadida pela verga, a uma janela onde um homem põe a cabeça para olhar lá dentro, ou um sapato que calça. Por conseguinte, aquele que se vê, em sonhos, no ato de chegar a uma janela, ou de calçar um sapato, tem a certeza de conseguir a posse de uma jovem ou de uma virgem, se a janela é recém-construída, ou se o sapato é novo e está em boas condições; a idade da mulher dependerá do estado da janela ou do sapato.

Xeque Nefzaui, O Jardim Perfumado (trad. Orlando Loureiro Neves)


segunda-feira, 7 de agosto de 2023

We have no more beginnings: Size matters

O membro viril, para agradar à mulheres, deve ter, no máximo, o comprimento de doze dedos lado a lado, ou de três mãos; e no mínimo, de seis dedos ou de uma mão e meia.
Há homens que têm membros com o comprimento de doze dedos, ou de três mãos; outros, de dez dedos, ou de duas mãos e meia. E outros medem oito dedos, ou duas mãos. O homem cujo membro apresenta dimensões inferiores a estas, não pode agradar à mulheres.

Xeque Nefzaui, O Jardim Perfumado (trad. Orlando Loureiro Neves)

segunda-feira, 31 de julho de 2023

sábado, 24 de junho de 2023

We have no more beginnings: Hoarders

Se alguém desse uma espreitadela para as oficinas dele, onde se acumulavam grandes reservas de artigos de madeira e loiça nunca utilizados, parecer-lhe-ia ter ido parar ao mercado de utensílios de madeira de Moscovo aonde vão todos os dias as nossas expeditas sogras comprar coisas úteis, com as cozinheiras atrás, e onde se amontoa todo o género de artigos de pau não pintado - casca de árvore cosida, madeira talhada, laminada, encaixada, entrançada: pipas, barricas, selhas, baldes com tampas, gamelas com asas e sem asas, vasilhas redondas, cestos, caixas onde as mulheres guardam as gavelas de linho, cânhamo e sabe-se lá que mais; caixas de álamo fino e torcido; caixinhas de casca de bétula e muitas outras tralhas úteis para a Rússia de ricos e pobres. Por que precisaria Pliúchkin de uma quantidade tão assustadora destes artigos? Não poderia utilizá-los em toda uma vida mesmo em duas herdades como esta - mas ainda lhe parecia pouco. Sempre insatisfeito, batia diariamente todas as ruas da sua aldeia, espreitando para debaixo das pontes, das travessas, apanhando e levando tudo o que calhava - uma sola velha, um trapo de mulher, um prego de ferro, um caco de barro - para casa, onde armazenava tudo no montão que Tchítchikov viu num canto da sala. «Olha, o nosso caçador foi à caça!», diziam os mujiques. Depois de ele ter passado, era realmente escusado varrer a rua: se um oficial de passagem perdesse uma espora, a espora ia imediatamente parar ao referido depósito; se uma campónia distraída deixasse um balde ao pé do poço, Pliúchkin levava também o balde. Uma vez, quando um mujique o apanhou em flagrante, não discutiu e devolveu logo a coisa roubada, mas, se essa coisa fosse parar ao montão, nada a fazer: Pliúchkin jurava por Deus que a coisa lhe pertencia, que fora comprada a fulano tal na data tal, ou que a herdara do avô.

Gógol, Almas Mortas (trad. Nina Guerra e Filipe Guerra)

domingo, 14 de maio de 2023

terça-feira, 11 de abril de 2023