sábado, 23 de fevereiro de 2008

Spam worth getting - readers worth alienating - to end all dick-posts (fat (there we go...) chance)

Todo o internauta queixando-se, desde o século passado, de ter caixas de e-mail entupidas de spam para "enlarge your penis", e eu nem uma mensagem dessas para amostra havia jamais recebido (obviamente os respectivos departamentos de pesquisa de mercado estavam a funcionar impecavelmente). Até que, de há umas semanas para cá, uma enxurrada de mensagens começou a jorrar na minha direcção até à incredulidade organicista. Deixemos para lá quem foi que se descoseu relativamente à minha prótese equídea para uso de balneário (ou foi ela que se descoseu? (stop it)). O que gostaria de assinalar é que, pela amostra, a dignidade de um bom departamento criativo começou finalmente a dedicar-se à causa: assim o vexame de pedir uma amostra grátis (pela manifesta comodificação da morfologia genital (óbvia carência constitucional para uma vera democracia sexual, estádio de problematização da igualdade vergonhosamente ausente do discurso dos diz que politólogos da praça), não duvido que seja uma opção mercantil instituída) dá gosto; para além de que arou um campo de pujante fertilidade para a apreensão das representações mais incisivas da basculante masculinidade contemporânea. Sem mais delongas, o meu folhetim dos últimos tempos:

- blow your lady away with the largest d1ck she has seen in her life (gosto imenso do emprego do primeiro verbo, não só a metonimizar a volumetria como proporcionando uma extensão qualititativa, tipo bacamarte multi-funções agora com bolas e canhão de recarga automática, como a reiterar a metáfora bélica do universo das relações entre os dois sexos, verbalizando quem, dotado de engenho explosivo, será o imediato vencedor - e não me digam que eles não tinham já tudo isto in mind)

- carry yourself with confidence with your new huge schl0ng (nota + para o multiculturalismo fálico)

- you will leave the women begging for more once you reap the benefits of a larger d1ck (mais uma vez, um verbo e um plural inscrevem imediatamente, apenas a uns poucos (ok, não sou o exemplo mais acertado) centímetros de distância, a restauração da plena dominância masculina sobre essa (we knew it) não mais que aubergine©-yogurt-flinger-starved population - sublinhe-se a ameaça subliminar (ISTO é marketing agressivo) de que todos os weenies não serão, logicamente, senão traidores à causa e, a menos que tomem as aconselhadas medidas, candidatos a uma limpeza darwinista activa)

- click here for a all-new growth experience (óbvia desautorização disciplinar do correlato também já popularizado do growth psicológico, como patética metaforização compensatória satélite do verdadeiro "crescimento")

- want rock hard erections? (substantiva apreensão holística de que a métrica sem uma boa sinergia orgânica pode ser o último dos problemas de certos penis-holders)

- leave her speechless with your new legendary c0ck ('cause just printin' THIS legend will never hold - note-se também a extraordinária subtileza de, jogando casualmente com metáforas populares, sugerir, de forma evidente a quem sabe o que sofre, o 2 em 1 mais gratificante e eficaz de fechar a matraca à respectiva)

- she won't be able to keep her mouth off you when you get this (need I say more?)

- let your partner feel more of you, get your new huge dck here (louvável o abraço todo-inclusivo de orientação sexual ou opção relacional pós-matrimonialista (ainda que com o travo da fidelidade monogâmica - não nos podemos libertar de tudo de uma vezada) desta formulação - mais uma medalha emancipatória para o esforço capitalista)

- you and your partner will have many magical moments with this (di(l)do)

- those who doubted you before will marvel at you now (sim, esta é para vocês, gozões - agora não levam com nem um centímetro)

- tired of losing your erect1on halfway, or having a small weener? Change it today (por acaso sempre achei que, resquício de justiça poética, as duas aflições eram antitéticas... não podem, pelo menos nesta, back me up a bit?)

- bored of having same, tiring sex every night? spice up your life, add inches to your d1ck and increase her pleasure (assinale-se a preocupação em cobrir as lógicas de recurso à extensão com todas as motivações/legitimações possíveis, interpelando todas as nuances da frustração. Por exemplo, só a magnanimidade desta fórmula me fez perceber o egoísmo grotesco de andar no mercado sexual com laughable goods, impondo um cativeiro ignóbil a essa gente que ainda se agarra ao que quase nada tem para agarrar, com fantasias emocionais de amor romântico)

- keep your girlfriend by your side when you have this (mais uma vez, uma eye(not that one; especially not now)-opening elucidação da natureza do amor. Quem disse que o amor não é quantificável? Um cientista social diminuto, sem dúvida)

- women love a man with a huge c0ck and spades of confidence (provavelmente a correlação estatística mais inabalável à espera (que eu saiba, embora duvide) de validação psico-biologista)

- don't let hot women laugh at your small tool, because you can change it today (how do they KNOW these things?!...)

- those locker room stares will be for the right reason (come on, jiggle it a little... you know you wanna...)

-wnat the women to crave for you? Make sure you have a hot, large rod in your pants (sagaz promessa de elisão das cansativas estações do processo social de atracção mútua que, respeito pelos direitos e digestão humanos considered, se tem de alimentar até ao lançar do infalível anzol (ou deveria passar-se a andar com ele permanentemente de fora? - bem vistas as coisas (desta feita, essas, sim), facilitava o processo de selecção, tornava redundantes os esforços de ludibriação afectiva (but I'm such a nice guy!... pff), e satisfazia a teleologia morfológica de primeira legitimação do aparelho))

- imagine being able to put on inches PERMANANTELY, SAFELY AND QUICKLY (o direccionamento conceptual às dinâmicas de apelo e incerteza na relação com as instáveis potencialidades da transformação corporal numa sociedade de risco: notável, e indicador pertinente da voluminosa penetração social das problemáticas dos Science & Technology Studies (oh, they have a sizeable knob too))

- i used to have a tiny c0ck and it was embarrasing, now i'm huge and loving it (a comoção do discurso confessional e directo à comunidade de sofredores com uma mensagem de esperança, comunidade essa instaurada desde logo na recorrente totalização ontológica linguística do membro, neste caso, até da adjectivação do membro da pessoa (um reducionismo associativo de terceiro grau!; veja-se bem how huge "I" am) - movimento linguístico exponenciado, à imagem do seu produto, pela pressão para a criatividade que, tal qual produção artística em contexto de ditadura, é induzida pela vil censura dos filtros de spam ou assim a falos-chave (estão-me a acompanhar, repararam nos nºs a substituir letras nos nominalismos penianos, certo?) à bem-aventurada promoção dos schl0ngs everywhere. Em busca de uma causa meritória para apoiar? Look no further)

- fire your gun at full blast (dada a minha não receptividade ao fito comercial da sua empresa (digo eu), entraram agora os meus bobos pessoais numa fase de crescente minimalismo retórico, a alimentar o mistério na plenipotência da metáfora, elidindo cada vez mais a deselegância do referente directo (na verdade, aquela plenipotência de um subtexto fálico tornado matriz de descodificação linguística absoluto de qualquer enunciado começou literalmente a diluir-me todas as fronteiras linguísticas de diferenciação atómica dos objectos do real, que agora me aparece subsumido numa única, massiva e intrusiva glande - não me vão dizer que os gajos do mail com o título "perfectly crafted rolex" me estão mesmo a querer vender, tipo, um relógio, não?). Infelizmente, se a reafirmação prosódica das metáforas primordiais, o reducionismo e elisão dos sujeitos aos predicados na omnipotência da associação semântica mangálhica, e sua reiteração concomitante dos subtextos taxonómicos de classificação humana tendo como único critério operativo a sua relação com o little (só na aparência métrica) man, parecem imparáveis de entretenimento, por espantoso que pareça, e é, já estou cansado, por isso, deixo-vos o work in progress para que o vosso anedotário anatómico induzido possa ter uma conversa séria convosco, falar-vos dos seus anseios, e informar-vos das decisões que tereis que tomar para assegurar a vossa felicidade conjunta, sem dissensões corporais, sempre desagradáveis numa equipa tão unida, ainda que, e não dais conta por que andais iludidos com o vosso palminho de cara, a triste verdade seja que está sempre tudo hanging by a thread - oh yes, diz o zétolas, a teodiceia c'est moi)

- your throbbing missile is ready to fire

- Bam. A rocking baller cock in your pants

- great bedroom stories start with this

- enhance your reputation with this

- pick up a chick anytime with this (uma nota para a desumanização crescente em que a inicial autonomização ontológica do bichano começa a desembocar, tornando-o um atributo técnico - se o virgolino (hey, you have your pet-names, I have mine...) passa a ser substituído instrumentalmente por um mero pronome demonstrativo impessoal, suspeito que isto ainda pode acabar mal...)

(aproveitando a desproporcionalidade compensatória (claramente, outra correlação falocêntrica à espera do seu estatístico de serviço: diz-me o tamanho dos teus posts e dir-te-ei...), gostaria de aproveitar a ocasião para esclarecer que, apesar da minha invulgar open-mindedness teórica (na prática, só concebo fazê-lo como é suposto fazerem judeus hassídicos, por um buraco num lençol (hey, blame Larry David)) que não hesita em acoitar quem incessantemente vem cá buscar refúgio pelas suas preferências por vídeos gratuitos de coroas transando ou variações disto, também eu tenho limites, e ter-me descoberto buscado activamente como quinto no ranking disto is freaking me out. Embora registe a sensatez electrotécnica no emprego do fio-terra, em nome da saúde pública devo deixar claro que este bl(og)ue reprova quaisquer práticas que envolvam atarracharem-se a uma ficha tripla - incapacitar clínicos nas urgências por incredulidade não pode favorecer os esforços de produtividade na saúde)

(há meia-hora que o Blogger me estava sistematicamente a publicar este texto apagando toda a secção produzida a partir deste último e, é certo que, perturbante link, e só a partir dele, ele incluidíssimo, o que me parece evidentemente ainda mais perturbante. Não sei bem qual a explicação para o fenómeno, mas sendo a conspiração censória a resposta mais plausível para qualquer perplexidade blogosférica, há que tomar medidas preventivas; portanto, se a partir daqui alguma coisa der merda ou produzir transformações cataclísmicas neste espaço, encaminhem esta informação para o Oliver Stone s'il vous plaît)

(não estou inteiramente pacificado quanto às veras intenções do internauta do fio-terra, mas, para o meu leitor mais sensível, ofereço a reconfortante informação de que "fio terra" aparenta ser uma expressão brasileira para designar uma das tácticas cunhadas para o iluminismo da fruição plena do potencial erógeno do corpo masculino para lá da territorialização da orientação sexual. Os interessados poderão facilmente informar-se do facto, como eu acabei de fazer. Eu fico por aqui, que hoje já tive iluminismo suficiente para me destrambelhar o ritmo sinusoidal por um mês)

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Des histoires d'amour à moi

- quelle heure est-il?
- assez tôt.
- je veux dire, que faites-vous chez moi? Qui êtes-vous; comment êtes-vous entrée?
- ça fait beaucoup de questions, Julien.
- vous connaissez mon nom?
- hmm: Julien. Moi, c'est Marie.
- Marie...
- Marie, celle que tu aimais.
- ça m'étonnerait mademoiselle... Vous n'êtes pas du tout mon genre.
- c'est ce que vous croyez... Laissez-moi un peux de temps...

Le secret derrière le secret (re)commence
Amanhã à Barata Salgueiro, Careful With That Axe, Eugene...
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(terão que perdoar o excesso semiótico das frames, cortesia da tv portuguesa;
mas este é um blog lumpencinéfilo, no fim de contas)
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(a despropósito, se a malta (vocês sabem quem são (ou era bom que soubessem, 'cause I sure don't)) estiver a planear um carpooling para ir ver os Pere Ubu à Casa da Música no sábado, e já tiverem outgrown a achar piada a deixar-me pendurado na estação de serviço de Aveiras, não se esqueçam de mim, valeu?)