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A avaliar pela cobertura recidivante e os panegíricos impressos a propósito da recém-passada edição do DocLisboa (em que infelizmente - apesar (por causa?) do propalado sucesso - não pus os pés), o documentário seria a área de produção fílmica a despertar mais paixões e desvelo das redondezas. Ao mesmo tempo, a RTP2, que tanto se associou ao evento, numa rubrica intitulada Docs, tem o descaramento de esquartejar o «No Direction Home» em duas sessões intercaladas por uma semana, privando assim um objecto fílmico de qualquer finalidade coesa, cuja integridade (física) é levianamente manipulada pelas conveniências mais mundanas dos exibidores, o que é ilustrativo de algo como a associação duplamente equivocada e reforçada do formato documental a neutralidade empírica e nulidade (vá, di-lo, di-lo!) artística. A menos que o desconchavo se tenha devido à generosa duração da película (208 m.). Se é lá por isso, aguardo expectante que a fatal dose de Ben-Hur na Páscoa seja também devidamente servida às talhadas.