sexta-feira, 2 de junho de 2006

A(s) prova(s) do(s) silêncio(s)

Buscava o mais possível a sobreposição transparente dos movimentos vitais a tabelar nas esquinas gramaticais no papel. Mas cedo se lia, na consciência mais presumivelmente próxima dos sentidos que procurara decalcar na linguagem, na incompletude do seu narrar aposta ao resíduo visceral e mnemótico. Rebuscou técnicas e páginas, penas e estratégias. Da seca recolecção do facto epidérmico, à depuração sensitiva ou cognitiva, declinou a saciedade de verdade à memória de quem quer remanescer presente. E ao atardar e retornar às presenças esconsas que grafava dos passados que transmutados vogavam tormentosos à fixidez de um registo, ressentia que era nos silêncios alvos entre os signos e as regras de os significar, que os confessionalismos possíveis sempre se acolitavam, ao abrigo de quem os presumira desnudar, dos dois lados da fronteira. Equívoco e líquido esquivo, reencontrou inverso conforto, assim permanecendo ao abrigo da invía visceral verdade da pequena liberdade de da sua língua não ser cativo.