sábado, 1 de julho de 2006

Estrangement

Ressinto sempre um hiato de empatia intransponível quando alguém me diz (em geral com a repulsa mal-desfarçada que não tardará a invectivar "desliga essa merda") que certa música "é deprimente".
A música já me fez muitas coisas, parte delas inconfessáveis.
Já me alegrou, já me entreteve, já me confortou, já me assustou, já me inquietou, já me entediou, já me adormeceu, já me excitou, já me exasperou, já me afinou, já me gingou, já me aspergiu, já me irritou, já me ufanou, já me domesticou, já me depauperou, já me arrebitou, já me insulou, já me atrasou, já me cantou, já me indispôs, já me ancorou, já me atardou, já me propulsionou, já me devastou, já me prosseguiu... (hmm, wishful work in progress)
Agora, deprimir-me?... não... não vejo...
A felicidade (ou o mais eficaz construto da adequação imponderada - por vezes diligentemente, passe a produtiva contradição), deve ser um lugar muito estranho.

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