Oh, I'll say it again: "just call me mr. pitiful"
Arduamente dirigindo-me a Sines para presumivelmente usufruir dos 3 dias de concebivelmente férias que um corpo-dolente-profissional-não-dignamente-subsistente se pode outorgar, ao chegar procuro poiso para repousar (mal e porcamente, virtudes orçamentais) as ossadas das estouvadas caminhadas que as episódicas sacudidelas fora do casulo incitam quase em contra-reacção, mais uma vez em incompatibilidade com a devida planificação e estabilidade.
No último telefonema de cabine in loco da investigação por leito e latrina (primazia para a segunda), um velhote renitente finalmente afirma ter um quarto disponível, «mas onde é que você está? Está em Sines? Já vem a caminho (só depois percebi que era em Porto Covo - o previdente ataca outra vez...)? Mas demora quanto? Mas afinal quer que o guarde ou não? Está bem, mas despache-se, qu'isto...». Preço minimamente aceitável para condições de pensão-casa-familiar. Vamos a isso.
Chegado com o desembaraço aceitável, o cavalheiro lá mostra quarto, sim senhor, serve, não sou esquisito.
De repente, estaca e mira-me nos olhos com seriedade antecipada de suspeição, meio descrente: «Mas...não trouxe a mulher?... É sozinho?». «Sim, sou». Meneia a cabela ligeiramente, como quem se depara com um desconcerto às expectativas incorporadas, e solta então complacente «ah, então paga menos... não quero enganá-lo... se é sozinho...».
Nunca me tinha propriamente sucedido (embora lhe suspeite razoabilidade social) encontrar expressões de dó pelo celibato aparentemente não voluntário, mas compensações financeiras, essa é nova.
Curioso como as reminiscências (e os actos correspondentes) de uma configuração pré-figurada de presunção dos seres e suas formas de acção num mundo cerzido de relações podem configurar um efeito perverso nos incumprimentos à regra que lamentam: tenho muita pena, mas se o quadro de solteirão inusitado me poupar cinco euros na renda, temo bem que a solidão organizada me cimente tal contingente condição na expectativa de um outro futuro promissor, na carteira.
2 comentários:
Pois já nos bilhetes para Rolling Stones, e por intermédio do bom e velho mercado negro, o “vendedor” fazia-me um desconto bem apetecível de 25 €, no caso de comprar dois bilhetes.
Acabei por apenas comprar um único bilhete e prescindir do tal desconto, mas não me esqueci de ficar com o número do bilhete de identidade do tal “vendedor”…
Esses "vendedores", realmente, são qualquer coisa...
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