Wise guy? Má-vontade? Ora, tanta piedade exercida e quase parece que ainda não me reflectiste pacificamente cunhado como plain destituído (enfim, mas estará quase, a julgar pela amostra)? Credo, que boa-vontade.
Eh pá, já me tinha lembrado de te perguntar o mesmo. Por razões que se prendem com um desconto estranho da Fnac que me permitiu comprar demasiados discos ainda em preço obsceno de disco normal com 5 euros de desconto, acabei por comprar o Scott, 3 anos antes do que seria costumeiro no meu calendário. Mas se ainda não te tinha perguntado isso era pela sensata razão de que ainda só o ouvi uma vez, e na minha abordagem ritual dessas coisas, está a demorar o apegar-me a sério à sua audição, pelo que a opinião não frutificou minimamente. Ainda assim, posso dizer que fiquei fully aroused com a coisa (só ainda falta a completion). Pareceu-me mais monolítico, mais árido ainda que o Tilt, em termos do próprio método de trabalho, mesmo como ele falava, naquele video que me assinalaste, em «blocos de som». Digamos que me pareceu precisamente ressumar um negrume mais concentrado, mais compacto, quiçá mais violento (os arremessos maciços doem mais...). Ao contrário do que é meu hábito, fiquei logo com aquelas cordas que irrompem na primeira canção, a balouçar a quilha do barco rumo ao quinto dos infernos, registadas na cabeça. Fuckin' impressive. Mas tu, que estás já por dentro da audição, que me dizes da coisa? Hum?
Bom, parece que fiquei pendurado. Paciência. Tinho que ir para a minha rurália, anyway, sempre que estiola um diálogo a menos (na minha não há net). Se ainda quiseres podes deixar-me as tuas impressões daqueloutra "deriva". Smepre é algo para que voltar.
Não, não ficaste pendurado, filho, eu é que tive outros afazeres (em sentido lato) que me impediram de aqui vir deixar um texto minimamente coerente acerca da deriva do Scott. Desconfio que também agora não o conseguirei, mas pelo menos pico o ponto.
Comprei o disco há já uns meses, quase logo a seguir ao lançamento. Ouvi-o uma única vez e decidi que não. Isto de ser ouvinte às vezes custa tanto como ser executor e não me apeteceu ter para um quotidiano que tem, já sem outras ajudas, os seus quês, aquela banda sonora. Imagino que o quotidiano do Scott também tenha imensos quês, mas ele que se vá amanhando com eles.
E voltei-lhe há pouco, há umas semanas. O que mais me marcou na tal primeira audição e que permanece agora depois mais umas 3 ou 4 são as vocalizações, tão próximas do ridículo, tão próximas da loucura (as letras, que já vi simpaticamente definidas como "opacas", ajudam).
Mas a novidade parece-me ser o afastamento do modelo de canção. No Tilt havia canções, e talvez daí a estranheza que o disco causava: a perturbação insinuava-se através da normalidade do modelo escolhido para (quase todas) as faixas e quando um gajo dava por ela já era tarde demais. Ou então tinha sorte e não dava por ela. Na Deriva não: é à bruta. Há qualquer coisa que segura a faixa (e por vezes segura várias faixas, como é o caso da guitarra na 1ª e na 3ª faixas, que jogam uma com a outra de uma forma que eu ainda não alcancei - provavelmente nunca irei alcançar), há qualquer coisa que segura a faixa, dizia, criando o tapete para os fantasmas.
Não tenho uma opinião (tão) final (quanto possível) acerca do disco. Para já é isto.
"Para já é isto": para já é bastante. Do que com muita cara de pau com uma audição no bolso posso dizer, acho que concordaria a tua fina apreciação. A ideia de normalidade aplicada ao Tilt soa meio estranha, confesso, mas é verdade que ainda se atinha a um registo que se permitia cambiantes, diferenciações, até hooks e lirismos. Na Deriva soou-me tudo mais uniformemente out there, mais absolutamente plantado num reino de ninguém, sem grandes margens de reconhecimento humano, apenas massivas e desérticas landscapes de som ignoto na sua configuração atómica. Quanto às letras, não lhes cheguei a prestar a atenção que desvelasse o meu aquém na atribuição de sentido, mas estaquei perante a aproximação à revisitação ampliada do mal (digamos parvamente assim) com a abordagem do "espectáculo" de linchamento popular do Mussolini e da mulher, e se não me engano também havia qualquer coisa do MIlosevic não? Fiquei a pensar que, se ninguém pegou nisso sequer que fosse para um esboço de "aqui podia estar uma polémica" (provavelmente para se esquivarem a pronunciar-se sobre letras "opacas"), será porque o homem está definitivamente rotulado como inimputável, génio, ou está mesmo abaixo do radar. Provavelmente as três ao mesmo tempo. Agora que penso nisso, curiosamente, ficou-me a ideia de que havia uma sequência onírica na faixa da Clara(?) Mussolini que tinha porventura o mais aproximável possível a uma ideia de lirismo que o disco tanto rejeita. Pelo menos uma certa diferenciação a abrir um esboço fantasista, uma janela nocturna, no disco. Mas deve ser já delírio meu. Enfim, quando se dê a configuração de inseminar mais essa deriva ao meu quotidiano, como justamente dizes (sem o inseminar, claro), quiçá ainda voltarei a picar o ponto, should the opportunity arise. Ah, quanto ao "pendurado", a expressão era apenas descritiva de um estado aliás definido essencialmente pela minha futura ausência, que iria deixar esse estado no estado em que pacificamente estava antes de eu o deixar. Ou seja, nenhuma queixa ou juízo de valor incorporava quanto a uma tua apenas presumível demora ou ausência. Concede-me a graça de não me levar a mal, pois. Quanto mais n~ºao fora, porque até deixar-me efectivamente pendurado (que não era o que pretendia insinuar com o meu "pendurado") é algo que se justifica a si mesmo. (you know the drill)
É. Num exemplo de mimetismo de fragmentos sobrepujantes da vivência quotidiana, as minhas visitas a Rurália (acho que tenho mesmo que transformar tudo isto num comentário ao teu bl(og)ue, de tal forma já não tenho assunto. parece-te bem, não?) subjugaram-se ao rgime de visitas de médico. Tampis.
Dei ontem a segunda audição à deriva. Obviament, praticamente tudo o que disse previamente é um monte de balelas, e esqueci-me da impressão mais forte da primeira audição, que as minhas defesas psíquicas fizeram o favor de esconjurar. O facto de tender a ouvir estas coisas deitado, no escuro, não ajuda, ao levar-me a um estado de fraca vigília e ser surpreendido desprevenido, mas a impressão mais forte que o disco me causou, na verdade, foi to scare the living daylight out of me. Por mais que uma vez. Literalmente pregar-me um cagaço (que não etimologicamente). Coisa, que me lembre, inédita. Principalmente quando insere no clima de opressão constante elementos estranhos e sonantes que causam um efeito de disrupção absolutamente perturbador. As outras memórias, as cordas em balanço de naufrágio de que falava, era na segunda faixa, a dita Clara, não na primeira. Que curiosamente, à semelhança da tua rima da guitarra entre a segunda e a terceira música, também rimam com outro efeito de cordas numa faixa mais à frente, já não sei qual. As vocalizações em geral não me causam mais estranheza que a que já havia no Tilt, principalmente para quem conhecia o timbre imaculado de barítono nos tempos de vaga glória, agora forçando cada vez mais o esganar absolutamente exposto do que se arruína. Sei que para a próxima já não me exponho àquilo desprevenido. Não me lembro de ouvir coisa que pudesse chamar efectivamente aterradora, literal e etimologicamente. Essa é a minha impressão presente do disco, gravada na pele lacerada. Literalmente.
Não sei, ó pá, não sei. Estou um bocado farto. As pessoas pensam que eu, por ter esta pinta folgazona de laracha sempre a postos, não tenho sentimentos, que se pode dizer e fazer o que se quiser que o gajo não leva a mal, que é tudo na boa e tal. Mas as coisas vão moendo, estas e outras, que eu tenho problemas e uma vida difícil como toda a gente, e chega um dia em que estoira, caralho. Não sei, ó pá, não sei.
E ainda goza! E ainda posta a gozar com o assunto! A audácia, o desaforo! Tu, meu menino, não imaginas com quem te meteste! Tu, meu lindo, estás F-O-D-I-D-O!
Ohh posh!, a brincar, quando muito, aqui. E no espírito de pura dedicação e arrependimento na postada. Nem sabes quão grato te fico por hoje me ver F-O-D-I-D-O. És um anjo Basto. Me perdoa, vai... (or be gentle on your righteous wrath... slap on the wrist sort of thing) (nevertheless, a prerrogativa do delete continua a ser tua, claro)
Tu vais ver o que é fofura quando sentires o poder incomensurável da minha fúria, palerma. Quem não tem prerrogativas és tu, por mais que esse friozinho de terror que te percorre a espinha nos intervalos das piadinhas fáceis te leve a tentar apaziguar-me com a faculdade do delete. É tarde demais, nada te poder já valer.
Anda um gajo, pesaroso da sua grave falta, a tentar ser o fofo que a sua pelugem permite, e este é o reconhecimento que colhe. Have it your way, I give up... estou nas tuas mãos (sempre há-de sempre uma diversão das penas incorporadas, enquanto dura o que incorpora).
Que coisa tão reles, mas enfim, tu é que sabes. E é uma arma que preenche a única condição indispensável: ser mortal. Quanto ao local, proponho a orla da cratera do vulcão do Monte Etna. Uma vez que foste tu o responsável pela afronta, serás tu a pagar as despesas de deslocação e alojamento até ao palco do nosso confronto final, pelo que espero, a partir de agora, que me chegue alguma coisa ao correio.
Quanto a datas, prefiro que seja mais para o fim de Setembro, que agora ando um bocado pelos cabelos. Imagino que a ti te seja indiferente.
É verdade que foi uma proposta de algum mau-gosto, mas pensei de facto que tinha a letalidade(?) on its side, para salvar o mínimo panache da ocasião. Agora, a orla da cratera do vulcão do Monte Etna? Oh man, dial a cliché (ainda que requintada e exaustivamente explanado). Já agora uma disputa de desfalecimentos poseurs nas colinas de resíduos vulcânicos de Stromboli. De qualquer forma as minhas finanças de momento dariam quando muito para ir até Rio Cabrão (falta-te essa placa, e já que estou nos clichés), e em fins de Setembro até ao Cais do Sodré, at best. Quanto à data, nada a objectar, os mortos-vivos não ligam muito à passagem do tempo. A passagem do tempo é que às vezes liga a eles, mas isso já se torna problema dos outros.
Onde é que fica Rio Cabrão? É que pode ser que me interesse...
(E ainda gostava que me dissesses qual dois dois é que fazia de Ingrid Bergman na tua alusão cinéfila ao meu cliché involuntariamente cinéfilo. Ou, se calhar, é melhor não.)
Rio Cabrão, já não me lembro. Já nem sei se passei por lá, ou se vi nas notícias que queriam mudar o nome da terra (pelo que se calhar já era). Mas fiquei com a ideia que seria pelo Centro/Norte. Tipo Beiras. Enfim... Quanto à questão Bergman (Ingrid), também me tinha lembrado desse pormenor, e optado por omiti-lo. Mas, que diabo, encaremos a questão de frente. Se seguirmos o guião, temo que teríamos que ser ambos Ingrids, pois não há mais ninguém a desfalecer na orla do vulcão. Se um de nós fosse o pescador algo atamancado que levou (será?...) com os pés, geograficamente o duelo ficaria impossibilitado. Se optarmos por alargar o guião à sequência que aqui nos trouxe, suponho que um poderia ser o MOrrisey a cantar «Dial a cliché» enquanto o outro desfalecia na orla do vulcão. MAs creio que a ideia de duelo desaparecia... Para além de que a seleccionar quem faria de MOrrisey supõe-se que o justo seria um prova vocal o que poderia causar um desfalecimento generalizado. Olha, talvez essa, ver quem aguenta mais tempo à tortura auditiva. God knows I could use a desfalecimento right now.
Toda esta ideia do Stromboli foi mpéssima. Não só eu já não me lembro de praticamente nada do filme (apenas o suficiente para fazer figuras tristes) como serviu para desviar a conversa do essencial: teremos de nos bater em duelo à beira de um vulcão e esse vulcão é o Monte Etna. Acabou-se. O próximo passo é teu, e vê lá se desfaleces depois.
Eh pá, tenho muita pena, mas you're getting way too fussy about this. Como tu é que pretendes vingança, apesar do meu sincero arrependimento o melhor que posso fazer é providenciar a minha presença para esquartejamento onde quer que seja, desde que seja até lá deslocado. Caso contrário, a última oferta do momento (porque não tarda, desfaleci) é uma disputa em registo bitch slapping à frente da sede do CDS-PP, sob a condição de quando instados a abandonar a imediações afirmarmos ser devotos militantes (de Fátima e do partido, bem entendido). Senão fico à espera do meu roteiro pago até ao topo do Etna. E vê se arranjas uns carregadores de jeito, nada de indígenas com a sua soberba característica, que ainda me partem alguma coisa nos meus 8 malões de viagem. Ai, a redenção custa...
Ah, ora vejam! Agora que já se pôs todo bonzão, com os seus programas de fitness personalizados, feeling right at home em meio de yuppies e respectivas donas de casa com um sentimento inalienável de desadequação, já se dá ao luxo de injuriar as adiposidades dos badochas dos arrabaldes. Sim, senhor, muito bonito. Olha filho, há um ditadozinho que a minha anglofilia epidérmica me diz cair aqui que nem ginjas, e que reza: «you don't shit where you eat». Infelizmente o meu cérebro não segue bem as linhas da epiderme, e ao enunciá-lo, todo o ditado me soa muito mal in every possible aspect. Por isso faz-me o obséquio de na interpretação de tais palavras dar primazia à única certeza que as pode tornar razoáveis: take them metaphorically, sim? (you slim fuck...)
Olha filho, se tu soubesses a fortuna que se vai todos os meses em anfetaminas para eu me conseguir manter podre de bom (e não simplesmente podre) fechavas a enfardadeira antes de vir com a merda dos proverbiozinhos em inglês. Além do mais, o meu "gordo" é que era metafórico. Era tão gordo que cabiam lá todas a metáforas óbvias que preferiste ignorar e, por cima, tu próprio, em jeito de cereja.
Ó Arnoldo, convenhamos que o teu "gordo!" ser "metafórico", só se fosse para o Barthes num dia bem bebido. Mas isso é irrelevante. Registo, no entanto, que a tua falta de humor para com as minhas palavras mais out there te impele ainda (haven't you learnt nothing?) a mais rapidamente atribuir-me más intenções que (épica) falta de perspicácia. De qualquer forma, e face à desconsiderante indolência de pretender com uma só palavra (e vou ignorar, agora que já posso, a "coincidência" de a palavra ter logo sido "gordo"...) dar seguimento a um guião de violência (digamos, A History of Violence a sério, se o Cronenberg houvesse sabido antes de brincar às peripécias de acção), ainda para mais na assepsia virtual, a minha intervenção não teve senão o mérito de providenciar um estímulo adequado para some serious bitch slapping (enfim, o possível...), o que, enfim, não é difícil. E assim, finalmente, efectivamente, se viu concretizada uma arena possível da duelagem, e assim, claro, apesar da perda de alguns pontos na avaliação técnica, com "Era tão gordo que cabiam lá todas a metáforas óbvias que preferiste ignorar e, por cima, tu próprio, em jeito de cereja", a bicicleta (was there any doubt?), é tua. Se não fosse previsível, era apenas justo. Espero que te sintas vingado. Se não, olha, adopta um clássico e vai-me à tromba quando me apanhares a jeito (mas com jeitinho). Nesta altura do campeonato só me pode trazer benefícios.
Atribuires as minhas palavras anteriores a uma "falta de sentido de humor" revela falta de perspicácia da tua parte... Talk about learning capabilities...
Mas, vogando um pouco que já estou a ficar farto de te desfazer impiedosamente, não te parece que andas a apostar excessivamente nas caixas de comentários? Isto, claro, em detrimento daquelas que seriam as tuas obrigações...
Tá bem. Também já estava um bocado enjoado de te passar a mão pelo pêlo (fluff as it may be). Quanto à "aposta" em caixas de comentários, as ditas cujas e a coisa que as envolve não são propriamente universos comensuráveis, pelo que não é por estar a escrever num sítio e não noutro que existe uma relação de causalidade/interdependência ou sequer correlação entre esses dois factos. Para além disso, a ter "obrigações" (apenas para usar a tua expressão), elas diriam mais respeito a caixas de comentários do que à coisa à sua volta. Na verdade, I should have never left one. Mas isso, claro, não te é estranho. Agradeço, não obstante, a atenção, e lamento pois que não possa ser imputado ao teu sacrifício o silêncio que ocupa a coisa em volta há uns tempos, but hey!, life's a pimp...
Eh pá, eu sei que não consigo esfregar o olho e emitir sons ao mesmo tempo, mas também não é caso para generalizações abusivas quanto às minhas incapacidades de simultaneidade. De qualquer forma, é certo, já é merecido o teu repouso de guerreiro. Então até um dia nas alturas (despite how low they may be).
43 comentários:
Há pessoas que estão de férias (em sentido lato). Respeito, portanto, se faz favor.
Did I really say something innapropriate (vacations-wise, or otherwise)? O insconsciente funciona tão melhor que eu...
Sim, wise guy, disseste. Não disseste novidade nenhuma, mas, como eu notei, há quem esteja de férias. Credo, que má-vontade.
Wise guy? Má-vontade? Ora, tanta piedade exercida e quase parece que ainda não me reflectiste pacificamente cunhado como plain destituído (enfim, mas estará quase, a julgar pela amostra)? Credo, que boa-vontade.
Boa-vontade? Eu? Tu vê lá no que te metes, pá...
Vejo lá no que me meto? Então que raio, estás de férias ou não? Ou era só o disfarce do camaleão?...
:-D
Enfim...
É verdade, ó Yester, tenho andado a ouvir o último do nosso Scott. Já ouviste, tens alguma coisa a dizer, etc?
Eh pá, já me tinha lembrado de te perguntar o mesmo. Por razões que se prendem com um desconto estranho da Fnac que me permitiu comprar demasiados discos ainda em preço obsceno de disco normal com 5 euros de desconto, acabei por comprar o Scott, 3 anos antes do que seria costumeiro no meu calendário. Mas se ainda não te tinha perguntado isso era pela sensata razão de que ainda só o ouvi uma vez, e na minha abordagem ritual dessas coisas, está a demorar o apegar-me a sério à sua audição, pelo que a opinião não frutificou minimamente. Ainda assim, posso dizer que fiquei fully aroused com a coisa (só ainda falta a completion). Pareceu-me mais monolítico, mais árido ainda que o Tilt, em termos do próprio método de trabalho, mesmo como ele falava, naquele video que me assinalaste, em «blocos de som». Digamos que me pareceu precisamente ressumar um negrume mais concentrado, mais compacto, quiçá mais violento (os arremessos maciços doem mais...). Ao contrário do que é meu hábito, fiquei logo com aquelas cordas que irrompem na primeira canção, a balouçar a quilha do barco rumo ao quinto dos infernos, registadas na cabeça. Fuckin' impressive.
Mas tu, que estás já por dentro da audição, que me dizes da coisa? Hum?
Bom, parece que fiquei pendurado. Paciência. Tinho que ir para a minha rurália, anyway, sempre que estiola um diálogo a menos (na minha não há net). Se ainda quiseres podes deixar-me as tuas impressões daqueloutra "deriva". Smepre é algo para que voltar.
Não, não ficaste pendurado, filho, eu é que tive outros afazeres (em sentido lato) que me impediram de aqui vir deixar um texto minimamente coerente acerca da deriva do Scott. Desconfio que também agora não o conseguirei, mas pelo menos pico o ponto.
Comprei o disco há já uns meses, quase logo a seguir ao lançamento. Ouvi-o uma única vez e decidi que não. Isto de ser ouvinte às vezes custa tanto como ser executor e não me apeteceu ter para um quotidiano que tem, já sem outras ajudas, os seus quês, aquela banda sonora. Imagino que o quotidiano do Scott também tenha imensos quês, mas ele que se vá amanhando com eles.
E voltei-lhe há pouco, há umas semanas. O que mais me marcou na tal primeira audição e que permanece agora depois mais umas 3 ou 4 são as vocalizações, tão próximas do ridículo, tão próximas da loucura (as letras, que já vi simpaticamente definidas como "opacas", ajudam).
Mas a novidade parece-me ser o afastamento do modelo de canção. No Tilt havia canções, e talvez daí a estranheza que o disco causava: a perturbação insinuava-se através da normalidade do modelo escolhido para (quase todas) as faixas e quando um gajo dava por ela já era tarde demais. Ou então tinha sorte e não dava por ela. Na Deriva não: é à bruta. Há qualquer coisa que segura a faixa (e por vezes segura várias faixas, como é o caso da guitarra na 1ª e na 3ª faixas, que jogam uma com a outra de uma forma que eu ainda não alcancei - provavelmente nunca irei alcançar), há qualquer coisa que segura a faixa, dizia, criando o tapete para os fantasmas.
Não tenho uma opinião (tão) final (quanto possível) acerca do disco. Para já é isto.
"Para já é isto": para já é bastante. Do que com muita cara de pau com uma audição no bolso posso dizer, acho que concordaria a tua fina apreciação. A ideia de normalidade aplicada ao Tilt soa meio estranha, confesso, mas é verdade que ainda se atinha a um registo que se permitia cambiantes, diferenciações, até hooks e lirismos. Na Deriva soou-me tudo mais uniformemente out there, mais absolutamente plantado num reino de ninguém, sem grandes margens de reconhecimento humano, apenas massivas e desérticas landscapes de som ignoto na sua configuração atómica. Quanto às letras, não lhes cheguei a prestar a atenção que desvelasse o meu aquém na atribuição de sentido, mas estaquei perante a aproximação à revisitação ampliada do mal (digamos parvamente assim) com a abordagem do "espectáculo" de linchamento popular do Mussolini e da mulher, e se não me engano também havia qualquer coisa do MIlosevic não? Fiquei a pensar que, se ninguém pegou nisso sequer que fosse para um esboço de "aqui podia estar uma polémica" (provavelmente para se esquivarem a pronunciar-se sobre letras "opacas"), será porque o homem está definitivamente rotulado como inimputável, génio, ou está mesmo abaixo do radar. Provavelmente as três ao mesmo tempo. Agora que penso nisso, curiosamente, ficou-me a ideia de que havia uma sequência onírica na faixa da Clara(?) Mussolini que tinha porventura o mais aproximável possível a uma ideia de lirismo que o disco tanto rejeita. Pelo menos uma certa diferenciação a abrir um esboço fantasista, uma janela nocturna, no disco. Mas deve ser já delírio meu.
Enfim, quando se dê a configuração de inseminar mais essa deriva ao meu quotidiano, como justamente dizes (sem o inseminar, claro), quiçá ainda voltarei a picar o ponto, should the opportunity arise.
Ah, quanto ao "pendurado", a expressão era apenas descritiva de um estado aliás definido essencialmente pela minha futura ausência, que iria deixar esse estado no estado em que pacificamente estava antes de eu o deixar. Ou seja, nenhuma queixa ou juízo de valor incorporava quanto a uma tua apenas presumível demora ou ausência. Concede-me a graça de não me levar a mal, pois. Quanto mais n~ºao fora, porque até deixar-me efectivamente pendurado (que não era o que pretendia insinuar com o meu "pendurado") é algo que se justifica a si mesmo. (you know the drill)
Ena. Já de volta.
É. Num exemplo de mimetismo de fragmentos sobrepujantes da vivência quotidiana, as minhas visitas a Rurália (acho que tenho mesmo que transformar tudo isto num comentário ao teu bl(og)ue, de tal forma já não tenho assunto. parece-te bem, não?) subjugaram-se ao rgime de visitas de médico. Tampis.
Pois, não sei, eu não tenho Rurália, sou de Lisboa. Tudo isso é para mim misterioso, incompreensível.
Dei ontem a segunda audição à deriva. Obviament, praticamente tudo o que disse previamente é um monte de balelas, e esqueci-me da impressão mais forte da primeira audição, que as minhas defesas psíquicas fizeram o favor de esconjurar. O facto de tender a ouvir estas coisas deitado, no escuro, não ajuda, ao levar-me a um estado de fraca vigília e ser surpreendido desprevenido, mas a impressão mais forte que o disco me causou, na verdade, foi to scare the living daylight out of me. Por mais que uma vez. Literalmente pregar-me um cagaço (que não etimologicamente). Coisa, que me lembre, inédita. Principalmente quando insere no clima de opressão constante elementos estranhos e sonantes que causam um efeito de disrupção absolutamente perturbador.
As outras memórias, as cordas em balanço de naufrágio de que falava, era na segunda faixa, a dita Clara, não na primeira. Que curiosamente, à semelhança da tua rima da guitarra entre a segunda e a terceira música, também rimam com outro efeito de cordas numa faixa mais à frente, já não sei qual. As vocalizações em geral não me causam mais estranheza que a que já havia no Tilt, principalmente para quem conhecia o timbre imaculado de barítono nos tempos de vaga glória, agora forçando cada vez mais o esganar absolutamente exposto do que se arruína.
Sei que para a próxima já não me exponho àquilo desprevenido. Não me lembro de ouvir coisa que pudesse chamar efectivamente aterradora, literal e etimologicamente. Essa é a minha impressão presente do disco, gravada na pele lacerada. Literalmente.
Eu estou chateado contigo por causa daquela merda lá de cima! Não vale a pena estares para aí com mudanças de conversa! Eu amuei!
Eu sabia... eu tentei... Mas sabes que a perspectiva de não me voltares a insultar é insuportável. What can I do to make it better?...
Não sei, ó pá, não sei. Estou um bocado farto. As pessoas pensam que eu, por ter esta pinta folgazona de laracha sempre a postos, não tenho sentimentos, que se pode dizer e fazer o que se quiser que o gajo não leva a mal, que é tudo na boa e tal. Mas as coisas vão moendo, estas e outras, que eu tenho problemas e uma vida difícil como toda a gente, e chega um dia em que estoira, caralho. Não sei, ó pá, não sei.
Mas 500 euros ajudavam... Pode ser em cheque.
Sabes que a tua novamente cimentada reputação de (purr purr) fofinho não ajuda...
Pelo que, pode ser (só se fôr) careca?
(it is the thought that counts... pelo menos no que aos outros toca, como reza a lei...)
E ainda goza! E ainda posta a gozar com o assunto! A audácia, o desaforo! Tu, meu menino, não imaginas com quem te meteste! Tu, meu lindo, estás F-O-D-I-D-O!
Ohh posh!, a brincar, quando muito, aqui. E no espírito de pura dedicação e arrependimento na postada. Nem sabes quão grato te fico por hoje me ver F-O-D-I-D-O. És um anjo Basto.
Me perdoa, vai... (or be gentle on your righteous wrath... slap on the wrist sort of thing)
(nevertheless, a prerrogativa do delete continua a ser tua, claro)
Tu vais ver o que é fofura quando sentires o poder incomensurável da minha fúria, palerma. Quem não tem prerrogativas és tu, por mais que esse friozinho de terror que te percorre a espinha nos intervalos das piadinhas fáceis te leve a tentar apaziguar-me com a faculdade do delete. É tarde demais, nada te poder já valer.
Anda um gajo, pesaroso da sua grave falta, a tentar ser o fofo que a sua pelugem permite, e este é o reconhecimento que colhe. Have it your way, I give up... estou nas tuas mãos (sempre há-de sempre uma diversão das penas incorporadas, enquanto dura o que incorpora).
Escolhe as armas, que eu escolho o local!
Pode ser lançamento de citações memoráveis d'Os malucos do riso?
Que coisa tão reles, mas enfim, tu é que sabes. E é uma arma que preenche a única condição indispensável: ser mortal. Quanto ao local, proponho a orla da cratera do vulcão do Monte Etna. Uma vez que foste tu o responsável pela afronta, serás tu a pagar as despesas de deslocação e alojamento até ao palco do nosso confronto final, pelo que espero, a partir de agora, que me chegue alguma coisa ao correio.
Quanto a datas, prefiro que seja mais para o fim de Setembro, que agora ando um bocado pelos cabelos. Imagino que a ti te seja indiferente.
É verdade que foi uma proposta de algum mau-gosto, mas pensei de facto que tinha a letalidade(?) on its side, para salvar o mínimo panache da ocasião.
Agora, a orla da cratera do vulcão do Monte Etna? Oh man, dial a cliché (ainda que requintada e exaustivamente explanado). Já agora uma disputa de desfalecimentos poseurs nas colinas de resíduos vulcânicos de Stromboli. De qualquer forma as minhas finanças de momento dariam quando muito para ir até Rio Cabrão (falta-te essa placa, e já que estou nos clichés), e em fins de Setembro até ao Cais do Sodré, at best. Quanto à data, nada a objectar, os mortos-vivos não ligam muito à passagem do tempo. A passagem do tempo é que às vezes liga a eles, mas isso já se torna problema dos outros.
Onde é que fica Rio Cabrão? É que pode ser que me interesse...
(E ainda gostava que me dissesses qual dois dois é que fazia de Ingrid Bergman na tua alusão cinéfila ao meu cliché involuntariamente cinéfilo. Ou, se calhar, é melhor não.)
Rio Cabrão, já não me lembro. Já nem sei se passei por lá, ou se vi nas notícias que queriam mudar o nome da terra (pelo que se calhar já era). Mas fiquei com a ideia que seria pelo Centro/Norte. Tipo Beiras. Enfim...
Quanto à questão Bergman (Ingrid), também me tinha lembrado desse pormenor, e optado por omiti-lo. Mas, que diabo, encaremos a questão de frente. Se seguirmos o guião, temo que teríamos que ser ambos Ingrids, pois não há mais ninguém a desfalecer na orla do vulcão. Se um de nós fosse o pescador algo atamancado que levou (será?...) com os pés, geograficamente o duelo ficaria impossibilitado. Se optarmos por alargar o guião à sequência que aqui nos trouxe, suponho que um poderia ser o MOrrisey a cantar «Dial a cliché» enquanto o outro desfalecia na orla do vulcão. MAs creio que a ideia de duelo desaparecia... Para além de que a seleccionar quem faria de MOrrisey supõe-se que o justo seria um prova vocal o que poderia causar um desfalecimento generalizado. Olha, talvez essa, ver quem aguenta mais tempo à tortura auditiva. God knows I could use a desfalecimento right now.
Toda esta ideia do Stromboli foi mpéssima. Não só eu já não me lembro de praticamente nada do filme (apenas o suficiente para fazer figuras tristes) como serviu para desviar a conversa do essencial: teremos de nos bater em duelo à beira de um vulcão e esse vulcão é o Monte Etna. Acabou-se. O próximo passo é teu, e vê lá se desfaleces depois.
Eh pá, tenho muita pena, mas you're getting way too fussy about this. Como tu é que pretendes vingança, apesar do meu sincero arrependimento o melhor que posso fazer é providenciar a minha presença para esquartejamento onde quer que seja, desde que seja até lá deslocado. Caso contrário, a última oferta do momento (porque não tarda, desfaleci) é uma disputa em registo bitch slapping à frente da sede do CDS-PP, sob a condição de quando instados a abandonar a imediações afirmarmos ser devotos militantes (de Fátima e do partido, bem entendido). Senão fico à espera do meu roteiro pago até ao topo do Etna. E vê se arranjas uns carregadores de jeito, nada de indígenas com a sua soberba característica, que ainda me partem alguma coisa nos meus 8 malões de viagem. Ai, a redenção custa...
Gordo!
Ah, ora vejam! Agora que já se pôs todo bonzão, com os seus programas de fitness personalizados, feeling right at home em meio de yuppies e respectivas donas de casa com um sentimento inalienável de desadequação, já se dá ao luxo de injuriar as adiposidades dos badochas dos arrabaldes. Sim, senhor, muito bonito. Olha filho, há um ditadozinho que a minha anglofilia epidérmica me diz cair aqui que nem ginjas, e que reza: «you don't shit where you eat». Infelizmente o meu cérebro não segue bem as linhas da epiderme, e ao enunciá-lo, todo o ditado me soa muito mal in every possible aspect. Por isso faz-me o obséquio de na interpretação de tais palavras dar primazia à única certeza que as pode tornar razoáveis: take them metaphorically, sim? (you slim fuck...)
Olha filho, se tu soubesses a fortuna que se vai todos os meses em anfetaminas para eu me conseguir manter podre de bom (e não simplesmente podre) fechavas a enfardadeira antes de vir com a merda dos proverbiozinhos em inglês. Além do mais, o meu "gordo" é que era metafórico. Era tão gordo que cabiam lá todas a metáforas óbvias que preferiste ignorar e, por cima, tu próprio, em jeito de cereja.
Ó Arnoldo, convenhamos que o teu "gordo!" ser "metafórico", só se fosse para o Barthes num dia bem bebido. Mas isso é irrelevante. Registo, no entanto, que a tua falta de humor para com as minhas palavras mais out there te impele ainda (haven't you learnt nothing?) a mais rapidamente atribuir-me más intenções que (épica) falta de perspicácia. De qualquer forma, e face à desconsiderante indolência de pretender com uma só palavra (e vou ignorar, agora que já posso, a "coincidência" de a palavra ter logo sido "gordo"...) dar seguimento a um guião de violência (digamos, A History of Violence a sério, se o Cronenberg houvesse sabido antes de brincar às peripécias de acção), ainda para mais na assepsia virtual, a minha intervenção não teve senão o mérito de providenciar um estímulo adequado para some serious bitch slapping (enfim, o possível...), o que, enfim, não é difícil. E assim, finalmente, efectivamente, se viu concretizada uma arena possível da duelagem, e assim, claro, apesar da perda de alguns pontos na avaliação técnica, com "Era tão gordo que cabiam lá todas a metáforas óbvias que preferiste ignorar e, por cima, tu próprio, em jeito de cereja", a bicicleta (was there any doubt?), é tua. Se não fosse previsível, era apenas justo. Espero que te sintas vingado. Se não, olha, adopta um clássico e vai-me à tromba quando me apanhares a jeito (mas com jeitinho). Nesta altura do campeonato só me pode trazer benefícios.
Atribuires as minhas palavras anteriores a uma "falta de sentido de humor" revela falta de perspicácia da tua parte... Talk about learning capabilities...
Mas, vogando um pouco que já estou a ficar farto de te desfazer impiedosamente, não te parece que andas a apostar excessivamente nas caixas de comentários? Isto, claro, em detrimento daquelas que seriam as tuas obrigações...
Tá bem. Também já estava um bocado enjoado de te passar a mão pelo pêlo (fluff as it may be).
Quanto à "aposta" em caixas de comentários, as ditas cujas e a coisa que as envolve não são propriamente universos comensuráveis, pelo que não é por estar a escrever num sítio e não noutro que existe uma relação de causalidade/interdependência ou sequer correlação entre esses dois factos. Para além disso, a ter "obrigações" (apenas para usar a tua expressão), elas diriam mais respeito a caixas de comentários do que à coisa à sua volta. Na verdade, I should have never left one. Mas isso, claro, não te é estranho. Agradeço, não obstante, a atenção, e lamento pois que não possa ser imputado ao teu sacrifício o silêncio que ocupa a coisa em volta há uns tempos, but hey!, life's a pimp...
Que azedume, que horror.
Oh dear, not Brando again?...
Vá, segue lá com a tua vidinha, ver-nos-emos lá mais para cima um dia destes.
Eh pá, eu sei que não consigo esfregar o olho e emitir sons ao mesmo tempo, mas também não é caso para generalizações abusivas quanto às minhas incapacidades de simultaneidade. De qualquer forma, é certo, já é merecido o teu repouso de guerreiro. Então até um dia nas alturas (despite how low they may be).
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