sábado, 19 de agosto de 2006

Semiologia à queima roupa 3

A propósito de uma interpelação por escrito que questionava formalmente uma decisão da sua (ainda que por anedota orçamental, poderia ser chamada de) entidade empregadora, a resposta da dita sugeria ter sido naquela empregue falta de correcção, ao arrepio da sua substância.
Um pedido de esclarecimento face-a-face com a direcção, para dissipar equívocos, resultaria, como se nada tivera sido dito, na negação de tais insinuações e na prossecução de business as usual.
Poucas semanas depois, gozando seus simulacros de férias em destino ignoto, seria depositada na sua caixa de correio, onde se quedaria expectante, o aviso de recepção que conduziria na estação dos correios, em percurso de requintes tortuosos, a uma carta quase anónima da sua entidade empregadora informando-o da, também pacífica, não renovação do seu contrato a termo, após mais anos que os que, em boa verdade, a retórica economicista trendy aconselha a manter um posto de trabalho.
Nesse dia apercebeu-se de que, funcionando por critérios operativos, que não por fechamentos semânticos, o léxico do elogio é mesmo infinito.

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