That thing they call a legacy
Costuma ser sempre perversa, conquanto por vezes frutuosa (marketing-wise), a relação entre obra e criador. Para mais por entre as nuvens de haxe dos 60's a soprar para os 70's propícias à divagação mítica nevoenta para urbanitas desapossados de consciente colectivo com charme. E algures in-between se vão desenhado as devoções, ora mais confessadamente atreitas ao personalismo exacerbado a fixar idolatria, ora à exegese da pureza quasi-científica dos seus legados. Nas encruzilhadas que tal desenha, assim temos as heranças esquadrinhadas de tais como Brian Jones, a terem de ser peneiradas da imponderabilidade de dedo guru ou arrombo da percepção num arranjo; Barrett, a debater-se com legitimação psiquiátrica de um imaginário que pedia sim liberdade de camisas-de-força tipológicas; Morrison, a fertilizar cruzadamente música e mito até parecer o elogio dos inexplicáveis fulgores espasmódicos da sua arte ter de envergar calças de cabedal mal amanhadas no rabo burguês esforçadamente liofilizado.
Arthur Lee, no entanto, e possivelmente a despeito das suas intenções, ficou subsumido neste fruto incandescente da sua passagem terráquea. Quiçá danadamente (di-lo-ia?), tão terráquea, que se eximiu à morte lamentável que dá sepulturas no Pére-Lachaise e, consta, ainda estava para dar cenas algo passé no nosso Sudoeste (que raio de mito que se preze se associa a tal abardinice festivaleira? - já nem Woodstock, filhinhos). A verdade é que who cares? O disco gira, impoluto de juízos transitórios que o atem a um nome, face, narrativa espúria e divagação. Não dá grandes epitáfios, nem arroubos que aquiesçam em mal esconder a devoção. Mas às vezes é pelo melhor. A persona de um homem não tem que estar à medida da sua autoria. Para que a autoria também não se presuma sempre a medida de um homem (premissa vagamente humanista, altamente proto-egotista, of course - always seeding alibis, baby).
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