Afinidades Electivas
Duas pessoas que se imiscuíram na ordem dos meus afectos, em modalidades completamente diferentes (uma, a quem me atém dívida de etérea natureza, não sabe da minha existência, tão pouco; a outra pode ser directamente acusada por responsabilidade incitadora do crime público que é esta coisa (blog?!) existir, e que neste dia me vem na distância a uma memória), vim a dada altura a verificar sustentarem o mesmo encanto por um mesmo certo verso entoado por um certo mesmo encantado homem:
«it’s never over, my kingdom for a kiss upon her shoulder».
O tio Goethe, acolitado a fazer cartilha do romantismo, conseguia ser um bocado insuportável. Para dispersão de qualquer bibliófilo que por aqui andasse, devo admitir que o Werther faz parte das minhas irritações subjectivas de estimação (e muitos velhos suicidas endrominados provavelmente me acudiriam nessa inclinação). Agora, não se pode negar que o homem, quando acertava, era em cheio.
4 comentários:
Leio e releio, ainda volto lá e não cansa. Obrigado por pores a rodar o verso encantado. Mais do que um verso, é das mais perfeitas declarações de amor. Em cheio acertaste tu. Resta-me pôr no leitor de CDs e deixar seguir, que o que vem por aí também não deixa mal o autor:
«It’s never over, all my riches for her smiles when I slept so soft against her
It’s never over, all my blood for the sweetness of her laughter
[...]
Well I feel too young to hold on
And I’m much too old to break free and run»
Belo seguimento.
Obrigado pois também eu por essa lembrança, que estou há anos privado do meu exemplar do disco, mal emprestado a alma que fez o dano inconcebível de não o devolver. Devia ser crime, é o que é, privar alguém de tão sumamente bendita coisa. Ou então há mesmo gente que não sabe o que faz... O que é mais algo a explicar o mistério das afinidades electivas...
Sem querer qser insolente, mas, esse disco é raro? Não poderá porventura adquiri-lo numa loja da especialidade?
Cumprimentos bloguisticos
Espero que possa perdoar a indiscrição e o abuso, mas a gestão retórica deste espaço está mais profícua em comentários que em posts, pelo que achei por bem reciclar a resposta à sua inquirição para uma outra economia narrativa.
Espero que não lhe cause distúrbio.
Deixo aqui ao portador cumprimentos bloguísticos igualmente. Sem saber (com plena certeza) para onde os endereçar, estou certo que serão, não obstante, entregues.
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