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Anónimo (que espero me perdoe a indiscrição...) inquiria se o disco que mencionava no post «Afinidades Electivas», e que referia em comentário ter emprestado para nunca mais, seria porventura uma "raridade", que não pudesse ser (re-)adquirido numa "loja da especialidade".
Respondendo no devido registo chão, como que impenetrável por figuras de estilo: não, não é com certeza de todo raro. Estará numa qualquer Fnac a 8 euros.
Mas o MEU disco era aquele exemplar. Substituí-lo seria qualquer coisa como comodificar excessivamente aquela pertença inefável, e no mesmo passo materializaria a descrença na possibilidade humana de arrependimento e reparação. Ora, não seria decente da minha parte fechar de forma demasiado displicente a porta à redenção alheia.
E enquanto a privação não se torna insuportável (felizmente, muitas voltas já ele tinha na agulha até se gravar em cilindro de superfície carnal), a saudade e a memória (juntas) constituem outra forma de alimento de que se aprende a usufruir (em certos fins, é o que nos resta; o mais seria até insuportável).
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