terça-feira, 10 de janeiro de 2006

Na TV (2)

Pela notícia que ouvi reforça-se a hipótese de que o ruído compassado que ontem por duas curtas vezes visitou sem móbil aparente o silêncio desta casa terá sido causado por um pequeno sismo e não por uma entidade ou movimentação insondável.
Estes arautos de um real insistem em resguardar-me da inquirição metafísica.

2 comentários:

Pedro Santos Cardoso disse...

Álvaro de Campos, quando nos apresentou o Esteves-sem-metafísica, referia-se precisamente aos ascendentes de tais arautos do real hodiernos.

Julinho disse...

Bela lembrança, do meu engenheiro mais caro

«Como por um instante Divino o Esteves voltou-se e viu-me.
Acenou-me adeus gritei-lhe Adeus ó Esteves!, e o universo
Reconstruiu-se-me sem ideal nem esperança, e o Dono da Tabacaria sorriu.»

De facto, tais efeitos de tais arautos do real não é diferente de boa parte da tessitura "mecanizada" do real que nos imprime quotidianamente na diluição de qualquer pretensão metafísica. Contudo, para além disso, o que é o mais terrível, o engenheiro Campos captura o agonismo que tanto a metafísica como a sua recusa ou ruptura representam, ambas embrulhadas no mesmo pacote insolúvel, como na reconstrução (após digressão metafísica) do real desencantado pela presença a-metafísica do Esteves como gesto divino. É tramado...