domingo, 15 de janeiro de 2006

O tanas

What doesn't kill you only makes you stronger.

23 comentários:

eduardo b. disse...

E "o que não mata engorda?"

Anónimo disse...

O primeiro é sempre é mais reconfortante. é melhor ficar mais forte do que gordo/a...

eduardo b. disse...

Se atentarmos a que "ficar mais forte" é, em português, um eufemismo para "ficar mais gordo/a", temos aqui ainda mais pano para mangas que a simples discussão acerca dos provérbios e ditados populares como manifestações de um "bom senso" e senso comum dos quais também são constitutivos. Temos aqui pano para mangas, portanto. Agora é só esperar que o anfitrião supure o suficiente para poder voltar em condições e desenvolver o assunto até à mais que previsível troca de insultos.

Anónimo disse...

(interregno supurativo/infeccioso)

ISTO é aquilo que vocês decidem comentar?
Pronto, está bem...
(embora ache que devamos rever algumas das regras desse livre-arbítrio de comentário)
Quanto ao provérbio, de facto muito agraciado fui com essa equiparação do gordo e do forte, pelo que sou sensível à intermutabilidade possível da expressão. Mas fui mesmo pela anglo-saxónica porque o ruralismo (organicista) genésico daquela equiparação, e o não obstante peso da referência literal do "engordar", tornavam a versão bife mais straight to the point´.

Quanto à mais que previsível troca de insultos, lá aprendi mais qualquer coisa: afinal há "fins" anunciados que se antecipam com agrado. Mal posso esperar.

Anónimo disse...

Uncany: acabei de olhar e este comentário saiu à mesma hora que o teu último, Eduardo.
Acho que era melhor os astros ficarem fora destas fatalidades: não me parece bem mistificar o insultar o próximo.

Acabei de olhar segunda vez, e o comentário da lilac tree surge com os mesmos minutos que os dois seguintes. Mau... Raio de conjura esta.

Anónimo disse...

Foi ele que começou, tu sabes Julinho! É sempre ele que vem para aqui agrafar os temas que quer. A culpa é tua. Enternecido, de brilhozinho nos olhos, quase excitado, vais-te deliciando até aos insultos. Eu vinha para aqui, juro que é verdade, cheia de boas intenções, decidida a deixar um comentário amigo, quase confessional, embora descordando do «tanas», eu que sou acérrima defensora da frase (sem tanas), porque quando já nada me resta, conforta-me mais pensar que no fim serei melhor pessoa do que o raio palmadinha nas costas do «deixa lá que passa, não é nada» (tb gosto do «um dia ainda me vou rir disto»), deixei-me corromper pela piadinha non sense, alheando-me daquilo que me trazia aqui. Falta muito para chegarmos aos insultos ou isto já nos pode levar a algum lado?

eduardo b. disse...

Credo, mas que lamechice, vocês dois. Ele é astros, ele é sentimentos judaico-cristãos exacerbados de culpa, ele é, ainda que implicitamente, numerologia. Quanto "intermutabilidade possível da expressão" (também chamada simplesmente "tradução", em meios mais saloios), eu gosto dela por razões porventura as piores. Quero eu dizer que ser forte é bom, é positivo e tal. Não será tão bom como supurar para aí à parva, mas não é nada de se deitar fora.

(O potencial obsceno desta temática é quase tão delicioso como o prazer de lhe resistir. Por enquanto)

Anónimo disse...

Crianças, crianças, controlem-se. Não estou em posição de encetar trocas de insultos viciosas (tendo no entanto já levado com duas saraivadas no lombo) quanto mais de fazer mediações de "insultees".

(reúne esforços)
For what it's worth:

Quanto ao tanas, acho muito bem que mantenhas essa fé nesse dito, que pode ser válido para muitas coisas (tendo no entanto essencialmente um viés de fortalecimento psicológico, esquecendo que há muitas formas de o gato enfrentar e escapar da "morte", nem todas tão "edificantes"), mas há experiências fenomenológicas que negam a sua plena validade, cujas marcas não se agregam à argamassa da nossa fortaleza, e devemos tê-las em conta antes de agitar no ar a sua pretensa validade absoluta (como é natureza dos provérbios, não obstante o seu universo contraditório) a todos quantos no seu campo de racionalização se coloquem. Daí o tanas: relativização, pois claro.

Quanto à "intermutabilidade possível da expressão", nenhuma das expressões é uma tradução da outra, são dois localismos enunciativos que se aproximam na formulação dita popular de uma ideia, mas precisamente no seu localismo formulam-no de formas ever so slightly diferentes, o que basta para que se prefira uma sobre a outra, para exprimir seja lá o que for (e acabei por não perceber qual preferes). Por isso, tomar a "intermutabilidade possível da expressão" como equivalente verborreico (sendo verborreico, sem dúvida)de "tradução", poderia de facto ser meio saloio, se não estivesse inserido num saudável contexto de troca de insultos. Sei que apreciarias a ideia, mas não me faças supurar para cima de ti, sff.

eduardo b. disse...

Supura, sim supura!

eduardo b. disse...

É só para dizer que renego completamente o meu comentário anterior. Foi o gato.

Anónimo disse...

«saraivadas no lombo», «acabei por não perceber qual preferes»,«Supura, sim supura!»... eu vinha aqui dizer que não foi minha intenção agitar nada no ar (se bem que sempre que o gato escapa da morte, acrescenta qualquer coisa à argamassa, ainda que possa não sentir qualquer vaidade em relação à forma de fuga), mas acho melhor ir à minha vida, deixar-vos na troca de mimos, correndo o risco de este blogue deixar de ser disponibilizado em servidores mais conservadores. Oh Eduardo, o prazer de lhe resistir não te chegou!! Chiça! (chiça não é provérbio, mas é uma boa expressão popular, esta sim de validade absoluta!)

Anónimo disse...

aiiii, meu sossego...
Que exagero. Estas caixas de comentários devem ter uns chips hiperbólicos...
Minha rica lilac tree (cujos sucos de olvido me davam jeito), só volto a isto para esclarecer que não disse que TU estavas a agitar essas validades absolutas no ar (teimas em ler-me feito acusador). Estava a falar em abstracto.
Agora, desculparás a insistência, não é de todo claro que quando o gato escapa à morte acrescenta algo à argamassa: isso é no pressuposto de que escapa incólume e pode acrescer ao seu ser com a experiência passada. Ora, há escapadelas que deixam o seu lastro (no próprio corpo, não só no espírito), e constituem danos presentes, perenes (e não passados, acabados, com o qual podemos aprender e tornar-nos mais fortes, porque "já passou"). E esse gatos de perdas irrecuperáveis (ainda que, com certeza, no meio delas até possam ter ganho qualquer coisa, de outra natureza, mas que não os torna "mais fortes", apenas os torna outros, outros que com muita probabilidade não quereriam ser) merecem o seu respeito e consideração NESSA condição, coisa que validades absolutas não lhes dão (ao confrontá-los com a absoluta verdade de que se não estão "mais fortes" é porque não souberam lidar com a experiência, os badamecos incapazes! - e mais uma vez não estou a dizer que TU agitarias a coisa no ar desta forma: uma coisa é defender abstractamente uma proposição, outra é torná-la operativa, de certas formas perversas, como essa pode ser). Ponto de vista muito simples, que não justifica tanta excitação. Bolas...(isto também sim, de facto, pode ter validade absoluta, e/porque não interessa nada)
Raio do gato...

eduardo b. disse...

Eu agora vinha para contestar a noção redutora (e um bocado imbecil) de tradução que ficava implicita da tua justificação anterior - a única boa T-R-A-D-U-Ç-Ã-O de um "localismo enunciativo" (credo) é outro "localismo enunciativo", de preferência que se "aproxime na formulação dita popular de uma ideia" -, mas depois disto... Pela vossa rica saúde.

Anónimo disse...

Claro que têm «chips hiperbólicos»... Não sejam piegas! Se não fosse para me libertar e exagerar, ia escrever o raio de uma tese pendurada ou comentar algum dos muitos outros posts deste blogue que têm muito mais que se lhe diga se nos limitarmos às coisas sérias e verdadeiramente importantes... Espero que o gato esteja bem!

Julinho disse...

Não não não. Minha sweet lilac tree, desculparás, coisas sérias e verdadeiramente importantes é coisa em que nunca este blog se meteu. Por favor, um pouco de dignidade e siso.
Quanto ao resto, não incorras na velha argolada de pressupôr que os outros não estão nestas sendas a fazer exactamente o mesmo que tu... É nessa ambiguidade que se instalam as melhores trocas de insultos.

Eduardo, como só vinhas para dizer uma coisa que acabaste por dizer embora dizendo que não, deixa-me imitar-te (sou muita tinhoso...). Eu só vinha para dizer que com certeza que a melhor tradução de um localismo enunciativo (vixe!) (o mais triste é que estas aberrações vêm de falta de vocabulário e regramento, não o contrário) pode ser outro (mais ou menos) equivalente. Mas uma coisa é o processo de tradução, outra coisa são os termos traduzidos. E um localismo enunciativo pode ser utilizado para traduzir outro, mas não é a tradução dele, ou seja, não nasceu desse processo de tradução. Pré-existe-o(?!). Daí que a intermutabilidade linguística das expressões não seja o mesmo que a tradução: o facto de as expressões (não as meras palavras) pre-existirem à tradução, pode limitar o seu potencial expressivo (como vimos, a expressão que podíamos usar para traduzir a inglesa não tem literalmente o mesmo leque de sentidos), e esse não pode ser obviado por outras opções de tradução porque quebrariam a reconhecibilidade (vês?) idiomática da expressão. Por isso, tendo tu toda a razão no que dizes, creio que continua a não decorrer daí que a tradução e a intermutabilidade possível das expressões sejam intrínsecamente a mesma coisa, embora se possam combinar num processo concreto de tradução. Mais que isso, era pressupôr que toda a tradução pode ser automatizada numa intermutabilidade estável de palavras e expressões, tornando a tradução e a intermutabilidade, aí sim, equivalentes. Para quem já tenha visto os resultados de traduções automáticas (ou, como sabemos, qualquer tradução de filmes, por exemplo), essa esperança de esperanto não colhe.

Não deixa de ser uma forma curiosa de testar um provérbio, esforçar um gato mais forte ao não deixá-lo finar-se em paz.
Deixemos o gato...

eduardo b. disse...

Nonsense. Eu que eu fiz foi traduzir a tua expressão blá blá blá em inglês para português, utilizando, naturalmente, uma pré-existente em português. Se disseres Goodbye e eu fizer um jogo semelhante traduzindo goodbye por adeus e brincar com a presença de deus na palavra portuguesa, imagino que também tenhas a lata (é o que não te falta) para me vires com esse paleio estragado. Repito: nonsense. Por muito que, formalmente, consigas suster esse teu argumento, ele não encontra grande eco na realidade prática. Que a realidade prática (os famosos "factos" e tal) não te interesse para nada, isso já é outra coisa, em que tens a minha solidariedade. Mas é, lá está, outra coisa.

Julinho disse...

Bom, para já deixa-me manifestar o assombro de assistir ao advento do practical man dentro de ti. Mas nesse assombro não percebo bem a que se dirige essa practicality(?), porque não sei bem qual é essa "realidade prática" ou os "famosos factos" que estariam envolvidos nesta embrulhada, e a que a minha lata (check) e o meu paleio estragado (check) se estariam a esquivar.
De qualquer forma, essa tua objecção, nos termos em que está formulada, já eu tinha antecipado (obviamente, inutilmente). Dizia eu a dado passo «(...)o facto de as expressões (NÃO AS MERAS PALAVRAS) pre-existirem à tradução, pode limitar o seu potencial expressivo (...)» (as maiúsculas são novas. Ou seja, a intermutabilidade das expressões, mais uma vez, aplicava-se à intermutabilidade de expressões idiomáticas, que introduzem constrangimentos específicos a um processo de tradução, por, ao serem idiomáticas, terem uma formatação prévia ao processo de tradução. Acho que eterealidade e isenção da realidade prática é pressupõr, como alternativa, que todas as expressões já existem como possíveis, e como tal a tradução é encontrar a expressão certa intermutável com outra expressão (idiomática ou não, porque tudo o que é escrito seria então igualmente idiomático). É muito bonito, no universo poético funciona muito bem e até deu um poema do Drummond de Andrade, mas elide o carácter criativo inerente ao processo de tradução, que está para lá de se circunscrever a condiderar a intermutabilidade de expressões pré-existentes, mas implica a criação a partir de um leque linguístico (com as suas especificidades, nas próprias palavras, o que torna a tua exemplificação do adeus interessante, mas um bocado fora daquilo que era a discussão e a querer à força arrastar a coisa para o nonsense) de expressividades novas para expressividades outras, em que os termos da expressividade não têm uma opção evidente, social e linguísticamente, disponível. Como disse, as duas dimensões podem confundir-se num processo concreto de tradução, mas têm implicações analíticas diversas. Isso é fugir à realidade prática? É que, lá está, isso não é outra coisa: a analítica também só analiticamente se separa do real (espera-se agora o advento do positivist man). De qualquer forma, se me manténs como fugitivo do real e me concedes solidariedade nesse esforço, isso basta-me. Na verdade, só lamento o real ser tão renitente em deixar-me escapar.

eduardo b. disse...

Não se espera advento nenhum, filho, espera-se é que eu já esteja farto desta conversa. Tretas, tretas, tudo tretas, uma visão redutora. Sabes lá tu se uma expressão é pré-existente à outra! Mas sabes lá tu! Sabes lá se uma não veio da outra! E se veio? O que é que isso interessa? Nada. Uma é (ou foi) tradução da outra e fui eu que fiz a puta da tradução por isso não me venhas dizer que não. Chato. Teimoso. Foda-se.

E não fosse eu ser contra infectar várias postas em simultâneo e iria lá acima dar-te os parabéns pelo da truncagem presidencial. Como as coisas têm andado, não te esperava tão lúcido.

Anónimo disse...

Porra, estava a ver que nunca mais te dava um (saudoso) acesso intempestivo de bom senso e findavas esta palrice insana (sabes bem que esse eventual papel te cumpre). Embora goste de ser chato, claro. É a minha única virtude. Mas, de facto, como as coisas têm andado, nem para isso estou capaz. Pelo que, all compliments aside (até porque não me deixas, e eu sou rapaz cumpridor, comentar as tuas coisas: «não, TU é que és»), o teu olho clínico (ugh) está em boa forma: na verdade, parte da posta já tinha alinhavado há uns tempos, mas os meus mood swings levaram-me a não postá-la (tenho uma estranha economia de postagem). Mas como pior que o estertor é desperdiçar uma posta (para quem não as consegue parir às toneladas), achei melhor dar-lhe o remendo final e o toma lá mesmo no limite da caducidade (fora a caducidade que lhes é intrínseca nesse toma lá). Meia lucidez quando muito, portanto, ou em bom pleonasmo, o resquício que resta. bleh bleh (babando-se)

eduardo b. disse...

Não, de todo, muito jeitosa, a tua posta. E a minha economia de postagem também é peculiar (ou não, às tantas julgamos todos que somos muito originais e fazemos todos a mesma coisa), como o demonstra bem a quantidade de saved as draft que para lá tenho. A larga maioria nunca chega a ver os píxeis do dia.

Quanto a não comentar as minhas coisas ("coisas"?), isso de facto não pode ser feito em caixas de comentário. Para isso é que está lá uma morada de email e por isso é que lá não há caixa de comentários. Lamento, mas a soberba é assim mesmo.

Anónimo disse...

Desculpa lá (as "coisas"...)
Quanto ao resto, claro que não lamentas, nem eu me queixo. São raras as estruturas de possibilidades que ainda podemos definir para os assaltos ao self. Claro que como as estruturas de possibilidades também são de limitações, exige ponderação. Nada que não esteja exemplificado (e bem) à exaustão.
Bom, claramente regressado à in absentia da lucidez, i'm going back to the doghouse.

eduardo b. disse...

"Vai prà casota" era, curiosamente, um estribilho que eu muito usei em tempos idos. Idíssimos. Mas teve piada, agora, teve. Que giro...

Julinho disse...

Ahhh, don't YOU get mystical on me now...