sexta-feira, 11 de novembro de 2005

Abyssinia, Henry(s) (leitmotif e dedicação)

Não me recordando das especificidades da minha inoculação com os episódios do MASH aquando da sua primeira difusão no país (sim, outra vez, a minha vida é só isto, é triste, amanhem-se), descobri hoje, ao pretender falar de personagens de ficção, que no final da 3ª série, com a saída do actor McLean Stevenson, a sua personagem, o coronel Henry Blake, morre na ficção (bem como, soube que o actor já é falecido). Fiquei deprimido.
Não me interessa agora a estultícia de terem prosseguido uma série sem a sua mais bela (nos espaços em que podia respirar), interessante e complexa (e, logo, desaproveitada) personagem por uma infinidade de épocas. Até porque não me lembro desse futuro passado.
Mas é espantoso (e é o seu aparente absurdo que me move) como, mesmo na frágil tessitura de um personagem que é possível erguer num formato relativamente estandardizado de sitcom, se pode conjurar na amálgama singular de um corpo, dos gestos e palavras que comporta, esse inefável sortilégio de os sonhos encorpados que de gente de carne se criam se tornarem outra ou mais carne que a gente.
Não é questão o dilema do que salvar do incêndio da casa: a vida é condição de tudo mais, e a criação humana, da pequena comoção à grandiloquente circunscrição, sempre se renova e já demasiado nos ultrapassa, limitados mortais. Mas sei que, mesmo salva a vida de carne, das imagens de corpo e vida que me trespassa(ra)m, guardo perene na memória aquilo que perdi no fogo.


Abyssinia, Henry..

3 comentários:

Anónimo disse...

Julinho, tinhamos combinado que desMashavas...mas tudo bem, que fazer? Bj

Julinho disse...

Às vezes somos levados a voltar aos lugares onde fomos, fugazmente e de forma abstrusa, vagamente felizes, ou enganados a sê-lo...

Anónimo disse...

Acredito que tenhas sido feliz, meu Julinho. Força! Bj