sábado, 22 de outubro de 2005

O Ser e a Linguagem

Não poder comer, não poder dançar, não poder beber, não poder cantar, não poder foder, não poder amar...
Despojado de verbos, não se pode ser.

5 comentários:

Anónimo disse...

E ainda assim...sendo!

Anónimo disse...

Assinei o post anterior...coisas da net. Bj

Julinho disse...

That is the question.
O que é o ser remanescente do esvair dos verbos do seu fazer?
Um substantivo despido de se poder?
Ou O verbo que se arroga resistente à súbita consciência dos nomes desfolhados da sua constituição, ou da consciência dita dos nomes que nunca tivemos? E se for reiterado, solitário verbo, o que resta, que substância toma, e que termo se atribui?
(senhores, que pepineira espúria.
Bem avisava o engenheiro sobre constipações e metafísica...)

Anónimo disse...

A ausência de verbos enterniza o ser. Para alguns, mata-o!

Julinho disse...

E a isso se chama economia retórica.
Devia aprendê-la um destes dias: poupava tempo, caracteres, e uma irritante e vácua tendência verborreica (o que, para a tese em questão, implica que o emprego verbal de mais verbos não implica mais ser, só talvez o emprego factual o faça) - lá está ela outra vez!
Parece que não aprendo com os bons exemplos que aqui fazem o favor de esplanar a sua graça...
Curiosamente, lembra-me agora que essa dualidade, entre eternizar e matar o ser, é em larga medida a que expõe um fragmento que teve a bondade de deixar em comentário anterior: «ser eternamente temporal». Essa a unidade que nos escapa no constrangimento temporal da linguagem, e que só através dela podemos formular como aspiração poética. Esse humano revolvido no que demais os seus limites conseguem aspirar sem alcançar. O que não nos cinde, mas nos torna uma unidade contraditoriamente viciosa. E viciante. Talvez seja esse o motor para o último reduto de ser, que seja pensá-lo. O que para boa gente, pode ser uma estucha indevida. Por isso, procuremos os verbos da nossa condição, que fundamentações ontológicas são mesmo para metafísicas constipadas: no limite que descubram que não-ser verbal é forma de ser já que só não sendo se ascende à consciência dessa forma de ser-sem-ser, substantivo sem verbo (pronto confesso, não é constipação é mesmo bronquite... se bem que por este andar já deve estar na pneumonia)