sexta-feira, 14 de outubro de 2005

A Ética(?) Cristã e o Espírito do Autorismo(?) 1 - MOTE

Antes que redundantemente o eventual leitor o pense e mo aponte mentalmente, confirmo a minha natureza hipócrita e que da consciência de tal sou portador.
Isto para dizer que, por diversas razões, nunca tive grande disponibilidade para me imergir na vivência da blogosfera (verdade seja dita, socialização, ou não exageremos tanto, oblige, essa disponibilidade já foi menor). Dei muito tempo por mim a visitar com regularidade e desabrido gosto apenas um blogue, ou melhor dito, autor, a que muito lentamente fui agregando mais um e mais outros.
(Bem entendido, não há aqui margem para ofensas, já que nunca pesquisei activamente blogues para ler, e sou a última pessoa a poder arrogar-se ser o guia Michelin dos blogues portugueses ou de qualquer outra circunscrição)
Ora, dá-se o caso curioso de aquele triunvirato iniciático ser composto por assumidos (pelo que não faço inconfidência), conquanto não prosélitos na postura ou encerrados na temática, cristãos. É certo que não sou pólo de validação de uma amostra decente, e tais juízos são subjectivos, mas será tal atracção um acaso?
Dantes tínhamos explicações sociais bastante auto-suficientes, em que das educações de seminário de muita rapaziada, mesmo sem vocação, que não tinha outros meios de aceder ao universo letrado, saíam traumatizadas mas intelectualmente bastante competentes criaturas. Não parece ser esse o caso aqui, em novas gerações (mesmo em certas socializações protestantes). Pelo que inquirição se requer sobre o assunto.
Nunca pensei repensar as filiações religiosas a uma luz instrumental (que é das coisas que delas me afasta: se fosse um deus chamuscava – não fulminava... era um deus banana - todos os jogadores que se benzem para marcar um golo), mas se daí ainda extraísse o benefício (preferencialmente transcendental, para dar menos trabalho) de uma renovada devoção, competência ou interesse intelectual, começaria a reconsiderar renovar a assinatura.

2 comentários:

Anónimo disse...

Quando alguém me contou que alguém disse que o melhor do texto de alguém (UF!) eram as notas de rodapé, eu pensei, de mim para mim, que esse era um comentário altamente infeliz. Pois eu acho que o melhor do teu texto é o conteudo dos parentesis. Eu sei que não ficas triste, não por desconsiderares a minha opinião pode ser, mas não é esse o meu argumento), mas porque suspeito que vai chegar o dia (estás no inicio, ainda te controlas!) em que a maior parte do discurso deste blogue vai estar entre parentesis e, ao contrário do que seria de prever, continuará um belo blogue!

[pausa]

[mais, uma vez de mim para mim: «espero não me vir a arrepender daquele comentário»].

Julinho disse...

Que elogio estranho. Que crítica bizarra. Mas, como bem sabes, entre o subtexto e ilegibilidade vai um passo. Que até pode ser interessante ou um bom entretém, mas para quem tenha a disposição para tal. Não sei se vai acontecer, nem como, mas percebo que estejas a antecipar o dia em que os parênteses invadirão este mundo. E tal qual as criaturas de marte, sabe-se lá quais serão as suas intenções.