quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Por Vós - 100 Posts

É fatal: de cada vez que passa um dia sem uma postada, chusmas e chusmas de mensagens enxameiam e obstroem (?) a morada de correio electrónico, entre suplicantes "não deixe assim desamparado o embevecido leitorado" (se fosse o do King's College, com certeza) e o inflamado "que raio de maneira é esta de falhar ao cumprimento da legislação metafísica do serviço público ao leitorado?!".
Ora, sucede que chego a este ponto após um desvario editorial que me levou a desperdiçar 4 posts num só dia 1 de Fevereiro, quando nas boas semanas só me surge um (tamanha imprudência deve deixar a minha economia de postagem à míngua por um mês, mas para ter economia de postagem é preciso mais vida que a que carrego, por isso, what the hell). Tendo em conta que na intentada imputação de uma ditadura moral à leitura deste espaço, é imperativo moral a precedência de cada post relativamente ao seguinte, e se deve vergar à ignomínia quem não depositou o olhar dedicado ao que precede esta elegia, convenhamos que tínheis fartura com que vos entreter. Que isto, atenção, não é para polinizadores levianos - só devotos recolectores daqui podem acartar frutos, as causas psiquiátricas do que, nos são absolutamente estranhas, e as consequências psiquiátricas do que, igualmente (e viva a pseudonímia).

Mas vamos ao que interessa, a espelhar como a minha exigência quasi-keiseriana impotente absolutamente contrária às regras do bom blogar brota da minha infinita dedicação por vós. Sim, vós.

Minhas queridas e queridos devotos leitores (sim, here's looking at you kids, este é especial de corrida para cada um de vós 5).

É verdade, este é o centésimo post.
Pensarais vós, como eu, que não se esperaria lá chegar.(?)
Pensarais vós (remanescentes e magnânimes estóicos) ainda melhor, como eu, que não se deveria lá ter chegado.(?)
Pois, chegou-se. Facto lamentável, mas irreversível, que deveremos encarar com a placidez das ruínas irrecuperáveis e a fatalidade do empreendimento humano na chafurdice inútil.
Mas outorguemos-lhe dignidade. Aqui a medida da dedicação neste percurso improvável: quando publico um post, invariavelmente me surgem no sitemeter (fazendo explodir as visitas diárias até dois dígitos) hordas e hordas de cibernautas de países de anglo-saxónica persuasion (ou que a ela se dedicam na blogagem), certamente apanhando o nome do blog nas actualizações que vão aparecendo no Blogger. Chegados a um panorama de esquartejamento da língua portuguesa (ainda assim, em língua portuguesa), claro, dão de frosques. Mas tal sugere que, estivera eu na disposição (assaz aparente) de em anglo-saxónica linguagem decantar todo este lodaçal proto-retórico, e o meu universo de leitores multiplicar-se-ia (indubitavelmente) exponencialmente (fazei vós as contas, que deixei a calculadora mental na noutra garrafa de grogue).
Por isso, espero que tenhais isto em conta na leitura do obrar (sem(?)) que ora e ora vos dispenso: é de uma dedicação sem limites, no sacrífico da quantitativa audiência que poderia decair sobre este espaço, qual dilúvio bíblico.
Só por vós, me quedo nesta leda quietude.
Nunca o esqueçais, camaradas.
You see, - proferiu solene, no pesar valoroso do destino transmutado vontade por voluntarioso abraço- I could have been huuuuge.

Acrescento - esta postada é uma reconstituição da postada primeira do mesmo título e temática que publiquei há uma hora atrás e que por conspiração cibernauta ou cibernética insondável foi apagada.
Duas coisas: (1) acautela-te pulha, que quando acabar o curso gratuito via net do MIT vou-te caçar. (2) não confiem (somente) em dispositivos cibernáuticos para guardar postadas.
É tudo. Carry on.

8 comentários:

eduardo b. disse...

Ah... Parabéns?

(digo eu a medo)

Anónimo disse...

por aqui nos quedamos todos um pouco, enquanto lá em baixo, no cais, há lodo... muito lodo.

Julinho disse...

Ó Eduardo... Bom, a ocasião na sua eventual substância (e sabemos como nenhuma sinalização tem vera substância) certamente não merecerá congratulações. Lamentações quando muito, mas essas já têm muro que chegue. Contudo, se tem o mérito de accionar a espoleta da tua voz, it's been worth while. Donde... ah... obrigado?

(digo eu, com a inquietação na alma) (o raio do Vampyr não me sai da cabeça, desculpa)

Julinho disse...

Peço desculpa, mas cá em cima(?) o lodaçal não é outro, por mais etéreo que se apresente. No mínimo, disso I'm a living sign.
(sempre a arranjar-me funcionalidades...)

eduardo b. disse...

Isto é um bocado embaraçoso, tão embaraçoso que cheguei mesmo a considerar a hipótese de, imagine-se!, ficar calado acerca do assunto, mas a verdade é que não consigo (que grande surpresa). É que os parabéns...Os parabéns não eram a ti, ou ao blog, mas sim a mim próprio. Afinal as postas, e mormente a centésima, foram "por vós". Entendi eu, e julgo que não abusivamente, que vós seria eu ou, na pior das hipóteses, eu e outras pessoas. Mas sempre eu, de toda a forma. Daí os parabéns, embora interrogativos por não saber bem se os mereço e se, caso mereça, ficaria bem dá-los a mim próprio.

Mas enfim, se... (pera lá, deixa-me ir ver como é)... teve o mérito de accionar a espoleta da tua pena, it's been worth the money.

Julinho disse...

Boy, now that really is embarassing.
Let's see what the good book says:
«Radar: Is belly button one word, sir?
Henry: Humm...?
Radar: Is belly button one word?
Henry: Radar... the good Lord gave us one belly and one button for said belly... therefore... it's two words: belly... button.»

Portanto: um bigo. Dois bigos. Claro que o teu bigo continua muito mais proficiente e sagaz, principalmente no apontamento do despontar de bigo alheio, mesmo quando (ou principalmente quando) o despontar se faça de auto-irrisão, bem sabida apenas outra modalidade de (como fui bem prova). Isto para dizer que, claro, tens toda a razão. O parabenizar a vós se aplica. E mantendo o vós, pelo seu potencial de apropriação majestático, a poder ser individualizado para o eu de si. Como tal, mais explicitamente, sem ahs, e sem medos (se a mim me coubesse, no bigo que me resta, uma pequena parte do ajuízar se mereces o que te atribuíste): parabéns. Inquestionavelmente, ainda para mais nessa deliciosa retórica sacana (atenção, isto é um elogio, claro, que eu não consigo dominar duplos sentidos e armadilhas retóricas) cada vez mais aguçada, ainda que com uma pepita simpática (magnânime) de Canderel, mereceste tais parabéns, for every penny.

Julinho disse...

Portanto, singelamente (caso não tivesse ficado claro): parabéns

eduardo b. disse...

Obrigado.